5.7.22

Biden tem a solução para a falta de mão-de-obra

 


«Aeroportos e companhias áreas responderam com prontidão à acelerada redução de receitas que a pandemia implicou e reduziram substancialmente o número dos seus funcionários. O caos nos principais aeroportos, com especial impacto nas principais plataformas europeias de distribuição, replica o congestionamento em rede. Lisboa não é excepção.

As companhias foram mais diligentes a despedir do que a contratar, ou porque o queriam evitar ou porque foram incapazes de prever a avalanche que se aproximava da pista. O cenário torna-se ainda mais tortuoso quando as dificuldades se transformam no momento certeiro para fazer greve em nome da melhoria de condições laborais.

Mas, quer em Portugal, quer na esmagadora dos países europeus, ninguém se precaveu, também, para os congestionamentos que o fluxo de passageiros iria trazer ao controlo de entradas e saídas do país. Má gestão de recursos, condições salariais insatisfatórias e ausência de planeamento acabaram por impedir que as companhias tivessem capacidade de dar resposta a esta súbita explosão. No caso nacional, é notório que o crescimento turístico tem vindo a crescer a um ritmo superior ao registado na pré-pandemia, pelo menos desde a Páscoa, e em grande parte devido ao mercado interno.

Ninguém põe em causa a importância do turismo na economia portuguesa. Também é consensual que essa importância é desmesurada e que decorre da ausência de um plano estratégico de desenvolvimento económico digno desse nome. O turismo tem, desde logo, um efeito crucial no mercado de trabalho, ao representar mais de 5 por cento do total nacional.

O problema, toda a gente sabe, é este: horários prolongados e imprevisíveis, condições precárias, contratos sazonais, ausência de evolução na carreira e baixos salários (a remuneração média por trabalhador, neste sector, é inferior à média nacional). Bradar aos ventos, como faz parte do sector, de que não há trabalhadores disponíveis esconde a verdadeira questão: já não há trabalhadores disponíveis para aceitar aquelas condições. O mercado de trabalho está a mudar.

A crise do transporte aéreo, como lhe chama a presidente executiva da TAP, que a justifica pela ausência de trabalhadores a nível global, pode não estar solucionada antes do pico das férias. A falta de mão-de-obra na hotelaria portuguesa também não. A carreira não é atractiva e a alternativa pode ser recrutar fora do país, se este deixar de se empanturrar com burocracia. A outra solução é esta, e é de Joe Biden: “Pay them more” [Paguem-lhes mais]...»

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