28.2.23

28.02.1969 – O sismo de 1969

 


Para mim, foi assim. Eu dava então aulas na FLUL, o meu salário não chegava a dois contos por mês, acrescido de mais um conto e tal por dar também teóricas – uma vergonha, mesmo para a época.

Mas já devia haver «cativações» na era de Marcelo (o Caetano) e, chegados ao fim de Fevereiro de 69, ainda não nos tinha sido pago um tostão do tal acréscimo precioso a que tínhamos direito. Alguém se lembrou então de pedir uma audiência ao ministro da Educação, José Hermano Saraiva, e, audiência concedida, lá fomos recebidos em grupo ao fim da tarde do dia 27. Saímos com a certeza de que o problema seria resolvido (e foi) e resolvemos acabar a tarde e a noite a festejar em casa do irmão de uma das contestatárias.

A conversa durou até altas horas da noite, cheguei a casa a caí num sono à prova de bala – e de tremor de terra. Ou seja: não senti nada, não acordei. E foi assim que falhei a única hipótese de ver os meus vizinhos em cuecas nas ruas de Lisboa.
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