9.4.23

Balança desequilibrada

 


«A popularidade da ‘geringonça’ poderia ter sido aproveitada para reformas como a da habitação. Mas, apesar da devolução de rendimentos e direitos, que resultou num dos poucos momentos em que o salário aumentou o seu peso no PIB, houve desinvestimento público e adiou-se quase tudo o que não fossem ganhos conjunturais. Agora, com um Governo impopular de que o resto da esquerda quer distância, até o que é popular é difícil de vender.

Este ambiente, a que a crise inflacionista não é alheia, foi preparado por Costa. Quando não viu o momento histórico de que foi obreiro como uma oportunidade igualmente histórica para grandes reformas de esquerda, mas apenas como forma de chegar e ficar no poder. Quando aproveitou o seu desfecho para esmagar os seus aliados, deixando um vazio que o PS nunca ocupará. E quando, não satisfeito com isso, tenta asfixiar a ala esquerda do seu próprio partido. Como resultado, o debate mediático inclinou-se de tal forma para a direita que faz lembrar o PREC, mas em sentido inverso. Como numa balança, se tiramos os pesos de um lado o “centro” não cresce, apenas se desloca para o lado oposto.»

Daniel Oliveira
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