23.4.24

Europeias, o comentador da TV e a ministra da pandemia

 


«Sebastião Bugalho e Marta Temido. Os nomes saltaram nesta segunda-feira para a ribalta no momento em que foram anunciados pela comunicação social como os cabeças de lista escolhidos pela AD e pelo PS para as eleições europeias de 9 de Junho.

Os próximos dias serão importantes para perceber como Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos chegaram a estas escolhas. Tendo em conta que estamos a falar de eleições para o Parlamento Europeu será legítimo pensar que na base da decisão de cada um dos líderes possam estar critérios como: o pensamento de cada um sobre a Europa, o peso que cada um pode ter junto dos eleitores, e, numa perspectiva mais táctica, as implicações que cada uma destas escolhas terá no jogo de xadrez que cada partido faz entre os seus militantes mais destacados.

A escolha de Sebastião Bugalho é a que representa maior mistério. O ex-jornalista, e comentador da SIC e colunista do Expresso, terá opinião sobre a Europa, mas terá pensamento como eurodeputado? Quanto à mobilização para o voto: ninguém sabe. É certo que está no prime-time da SIC Notícias muitas noites, mas não é certo que audiências se convertam em votos. Quanto ao que a escolha de Bugalho representa para opções futuras do PSD ou da AD, a incógnita é grande.

Sabe-se apenas que Sebastião Bugalho sucede ao sólido Paulo Rangel, que em 2019 foi o cabeça de lista e que acumula créditos na UE, ocupando agora o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros. Sabe-se ainda que Bugalho é um independente e que, à partida, a sua escolha, não sugerindo uma leitura típica do jogo de xadrez partidário, pode revelar um salto no escuro da parte de Luís Montenegro, que terá recebido uma nega do também independente, mas reconhecido Rui Moreira.

Já a escolha de Marta Temido parece sinalizar uma estratégia diferente. A deputada socialista tem no currículo a experiência de ter sido a ministra da Saúde durante a pandemia. A tarimba governativa em tempos desafiantes – cá e no resto da Europa – poderá ter dado a Temido a possibilidade de mais pensamento sobre os temas europeus.

Além disso, a socialista tornou-se uma figura popular no PS e fora dele. Recebeu o cartão de militante do PS das mãos de Costa e há um ano era apontada numa sondagem como a socialista que melhor resultado obtinha contra Montenegro, se excluíssemos António Costa da equação, e mesmo à frente de Pedro Nuno Santos. A escolha de Temido, que se segue à de Pedro Marques há cinco anos, tem ainda outra possível vantagem: afasta-a de uma eventual candidatura à Câmara de Lisboa, abrindo caminho a Duarte Cordeiro, aliado político do líder do PS.»

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