«Talvez um dia conheçamos em detalhe os reais contornos do envolvimento do ex-primeiro-ministro António Costa na Operação Influencer. A parte da história que não será reescrita é, ainda assim, pública e notória: o Governo caiu por conta das suspeições levantadas pelo Ministério Público e, desde essa altura, o currículo do antigo líder continua sequestrado por uma circunstância processual híbrida que não se traduz em nada, ao ponto de a carreira europeia de Costa estar, neste momento, minada pelas dúvidas que o caso ainda levanta e, sobretudo, pela incerteza em torno da divulgação cirúrgica de mais informações que possam causar embaraços num futuro próximo.
“António Costa tem o inimigo em casa”, titulava, a propósito, o jornal espanhol “El País”, num extenso artigo sobre o impacto que a Operação Influencer estava a ter nas pretensões do antigo primeiro-ministro de chegar à presidência do Conselho Europeu. Nele se explicava a situação particular em que se encontra o antigo chefe do Governo e as muitas críticas endossadas ao Ministério Público, em particular depois de descobrirmos que vão ser mantidas vivas escutas telefónicas a Costa sem relevância criminal. Ora, mesmo quem não acredita em bruxas sabe que elas existem. E, nesse sentido, era desejável que, depois da iniciativa do BE, se formasse uma maioria partidária que permitisse a ida ao Parlamento da procuradora-geral da República, Lucília Gago. Não podemos transformar a Assembleia da República num palco para todos os debates e inquirições e depois excluí-la do seu papel de fiscalização num tema que, sendo de uma enorme sensibilidade, é vital para o fortalecimento e transparência do regime.»
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