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«Duvidei da normalidade das marés que cobriam com grandes lençóis de água os antes generosos areais. Estranhei as pequenas praias a que sempre fui e que agora revelavam um leito pedregoso. Quando procurei ouriços-do-mar, em que tantas vezes me piquei ao caminhar pelas poças por entre as rochas, não vi nenhum – terão migrado? No caminho para a praia, a bica de água doce encontra-se, pela primeira vez, completamente seca. O vento persistente e arrepiante, o sol a estalar mal a brisa baixava; o denso nevoeiro que submergiu a vila, num outono antecipado; o terramoto que me acordou pela madrugada fora – tudo contribuiu para um verão, no mínimo, original. Posso ser eu, pensei, que padeço de sintomas agudos de ecoansiedade, vendo alterações climáticas para onde quer que olhe. Ou pode ser que se comecem a ver a olho nu décadas de desistência face a sucessivos alertas.»
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