«As bolsas de resistência política à imigração começaram nos países onde os movimentos extremistas eram mais vocais, mas rapidamente o discurso securitário, tendente ao fecho de fronteiras e ao controlo da legalização de cidadãos, ganhou tração noutras latitudes. Portugal incluído. Também aqui, a dicotomia esquerda-direita se foi esbatendo e hoje não é invulgar encontrarmos socialistas e sociais-democratas um pouco por toda a Europa que defendem o reforço de medidas restritivas no acolhimento e na legalização desses imigrantes. Em certo sentido, a Europa humanista, de braços abertos para o outro, já não existe enquanto projeto civilizacional comum. Hoje, os esforços estão alinhados com as máquinas de guerra.
O ano passado deixou-nos uma mancha negra: foi o pior de sempre em número de mortes de migrantes. Quase nove mil pessoas morreram enquanto tentavam “dar o salto” para outra existência.»
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