«As eleições de domingo representam uma mudança estrutural do nosso sistema político-partidário – e não apenas um acidente de percurso –, sobretudo se olharmos para os seus resultados à luz da experiência dos nossos parceiros europeus. A maioria ampla que os dois grandes partidos democráticos garantiram desde as primeiras eleições livres desapareceu. O partido fundador da democracia e o primeiro responsável pela nossa inquestionável opção europeia perde o seu lugar central. Com quase total certeza, o partido nacionalista e populista que nasceu há menos de seis anos ganha o estatuto de líder da oposição no Parlamento. (…)
O que Ventura defende é "trumpismo" puro e duro, à moda portuguesa – ao lado do "povo" contra as elites; contra os imigrantes que são o novo inimigo "externo"; contra a chamada cultura "woke", por uma revolução ultraconservadora quanto baste. É uma espécie de etnonacionalismo cristão, à moda de Victor Orbán, que combate o alegado declínio moral da Europa laica, liberal e aberta ao mundo.»
Teresa de Sousa
Newsletter do Público, 20.05.2025
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