«À hora que escrevo, ainda nem todos os resultados estão fechados. Há troca de vitórias e derrotas entre o PS e o PSD. Sendo verdade que o PSD passa a ter as cinco maiores câmaras do País – Lisboa, Porto, Sintra, Gaia e Cascais –, conquistando três delas, e passa a ser o partido com mais autarquias (pouca diferença), não é menos verdade que o PS consegue ganhar novas capitais de distrito como Faro, Évora, Coimbra, Viseu e Bragança – Beja é perdida para o PSD, que também ganha Setúbal, à boleia de Dores Meira. O PS não venceu, mas é, destacadamente, a segunda força nacional.
Ao contrário do que muitos vaticinavam, o bipartidarismo não foi beliscado. As grandes disputas continuaram a ser entre os dois grandes e, apesar das importantes conquistas de Albufeira (o sétimo maior orçamento do país), o Chega fica-se por três câmaras, muito abaixo do PCP e até do CDS, e a léguas do que tinha conseguido em legislativas. Quando Ventura não é o candidato o Chega não penetra.
Quanto ao PCP, os ganhos (Sines, Montemor, Aljustrel e Sesimbra) não compensam as perdas. Não me refiro à perda de Serpa, Alcácer-do-Sal, Grândola ou Benavente, mas das duas únicas capitais de distrito que mantinha – Évora e Setúbal –, o que faz desta uma das piores noites autárquicas dos comunistas. Olhar para os resultados da CDU nas autarquias suurbanas de Lisboa também nos diz alguma coisa sobre a transformação do seu eleitorado. Irónico, é que o seu bom resultado em Lisboa tenha sido, numa noite má, determinante para a reeleição de Carlos Moedas (aliado ao resto da esquerda, haveria uma maioria absoluta para governar a cidade). Talvez volte a isto e ao instinto suicida de esquerda noutro texto.
Seja como for, a grande notícia desta noite eleitoral é que, havendo muitas notícias, não houve qualquer terramoto e o país mudou menos do que as legislativas faziam pensar.»

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