É raro citar textos na íntegra, mas está a tornar-se um hábito fazê-lo com os de Manuel António Pina. Mais um.
«O arminho é um pequeno animal (mede entre 15 e 30 centímetros e pesa pouco mais de 200 gramas) incluído no Anexo III da Convenção de Berna (espécie ameaçada, parcialmente protegida e sujeita a regulamentação especial).
Para seu azar, seu tão grande azar, tem uma pele felpuda e bonita, que fica bem em adornos ricos como o "camauro" (gorro) e a "mozeta" (estola) de veludo com que Bento XVI, recuperando o luxo papal pré-tridentino, agora se exibe, em vistoso conjunto com os seus famosos sapatos "Prada". O Papa está atento aos "sinais dos tempos", como prescreve o Vaticano II. Ora não são, os nossos, tempos de frivolidade e de ostentação? Dentro do mesmo espírito de "aggiornamento", o padre e teólogo António Rungi está a organizar o concurso de beleza "Sister Itália 2008", destinado a eleger a "Miss Freira" italiana. E, no Channel 4, passa o "reality show" "Façam de mim um cristão!", onde os concorrentes têm de converter infiéis ao cristianismo em três semanas. Dois mil anos é muito tempo. Hoje, ninguém de bom gosto, podendo usar um gorro de veludo e arminho, usaria uma coroa de espinhos.»
3 comments:
a última frase resume tudo!
Exactamente, MC, é certeira - infelizmente.
Apesar de tudo, continuo a pensar, que se tivesse existido, continuaria a usar a coroa de espinhos e expulsaria os "vendilhões do templo".
P.S. - As aspas são relativas a uma citação.
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