30.10.08

«Avante!»: um pouco de rigor, se não der muito trabalho

ADENDA (corrigida):
O Avante! de hoje foi retirado e reposto o da semana passada. Por esse motivo, o link deste post não funciona. Mas tenho o texto e trancrevo-o na íntegra (*).
31/10, 14:00 - O Avante! de 30/10 voltou a estar online.
31/10, 20:20 Não está online.


@rabiscos vieira
Via Arrastão

José Casanova, director do Avante! Publica hoje um artigo de opinião sobre o recente livro de Irene Pimentel: Biografia de um Inspector da PIDE. Fernando Gouveia e o Partido Comunista Português. Passo a citá-lo:

«Lendo a entrevista-anúncio deste novo livro (DN, 27/10), tudo indica estarmos perante mais um trabalho inserido na operação em curso visando o branqueamento do fascismo.»

Faço apenas notar o seguinte: alguém com as responsabilidades de José Casanova escreve um texto, com mais de 3000 caracteres, a partir de frases tiradas de uma entrevista de jornal, sobre um livro que está nas livrarias há muitos dias. Lamentável: ou tinha lido ou esperava uma semana e publicava um texto decente no próximo número do jornal.

Eu, que já li o livro, penso que este tem, entre outros, o grande mérito de fazer entender melhor como a PIDE funcionava, política e operacionalmente, através da biografia de um dos seus mais importantes agentes. O PC até devia estar agradecido, mas Irene Pimentel arrasta com ela o enorme «pecado» de não ser, nem nunca ter sido, militante daquele partido.

Acusá-la de alguma vez ter branqueado o fascismo é, no mínimo, absolutamente ridículo.


(*) Artigo de opinião de José Casanova, lido hoje no Avante! online e entretanto desaparecido:

Tem dias

«Biografia de um Inspector da PIDE – Fernando Gouveia e o PCP», é o título do novo livro da historiadora Irene Flunser Pimentel (IFP) – que há cerca de uma ano publicou uma «História da PIDE», então amplamente divulgada e elogiada pelos média dominantes.

Lendo a entrevista-anúncio deste novo livro (DN, 27/10), tudo indica estarmos perante mais um trabalho inserido na operação em curso visando o branqueamento do fascismo. Operação multifacetada, envolvendo historiadores das mais diversas áreas, uns assumindo-se claramente de direita, outros reivindicando-se de esquerda, mas todos armados da esponja e da lexívia necessárias ao branqueamento; todos, partindo da conclusão de que em Portugal não existiu fascismo – e, assim, todos deturpando e falsificando o papel singular desempenhado pelo PCP na luta contra o regime fascista.

Ao contrário do que diz o entrevistador de IFP – João Céu e Silva –o aparecimento desta Biografia era esperado: com efeito no seu anterior livro, IFP não esconde simpatia, admiração - enlevo, até, por vezes – pelo sinistro torcionário Gouveia.

Sintomaticamente, a primeira pergunta feita a IFP é sobre se «não receou que esta Biografia de um Inspector da PIDE se transformasse num branqueamento dessa polícia política».

E sintomaticamente, IFP responde: «Claro que sim», para logo acrescentar, cautelarmente que «não faço a defesa de Fernando Gouveia» - no entanto, admite que «fazer a biografia de alguém é sempre enaltecê-la um pouco» e diz aguardar «com curiosidade» as reacções a este livro...

Enfim, assim se vai branqueando o fascismo.

E assim: recentemente, a propósito da eventual instalação de uma pousada na área do Forte de Peniche, IFP veio a público manifestar, a despropósito, as suas preocupações com o facto, argumentando que «qualquer dia ficamos sem qualquer memória museológica do que foi o fascismo em Portugal».

A preocupação é surpreendente vinda de uma pessoa que considera que em Portugal não existiu fascismo... e ficamos a saber que, para IFP, a existência ou não de fascismo em Portugal decorre dos seus interesses de momento.

Ou seja: tem dias...

41 comments:

Anónimo disse...

Ao ler este texto do Avante publicado HOJE, estranho sentimento do «déjà vu» («lu», neste caso).
Com efeito, ONTEM, no blog «Cravo de Abril»:
http://cravodeabril.blogspot.com/2008/10/branqueamentos.html
«É curioso que a primeira pergunta do entrevistador tenha sido a seguinte: «Não receou que esta Biografia de um Inspector da PIDE se transformasse num branqueamento dessa polícia política?».
E é ainda mais curiosa a resposta da entrevistada: «Claro que sim», logo acrescentando que não faz «a defesa de Fernando Gouveia», embora admita que «fazer uma biografia de alguém é sempre enaltecê-la um pouco»...»

Hoje José Casanova no Avante:
«Sintomaticamente, a primeira pergunta feita a IFP é sobre se «não receou que esta Biografia de um Inspector da PIDE se transformasse num branqueamento dessa polícia política».
E sintomaticamente, IFP responde: «Claro que sim», para logo acrescentar, cautelarmente que «não faço a defesa de Fernando Gouveia» - no entanto, admite que «fazer a biografia de alguém é sempre enaltecê-la um pouco».

Há mais parecenças entre os dois textos. Estranho, não?

Luis Eme disse...

é uma pena que os militantes do PCP ainda tenham uma visão do mundo extremamente redutora...

Anónimo disse...

Já agora, gostaria de denunciar outra total falta de «rigor» do artigo
O que vem na entrevista ao DN, é o seguinte:
«Claro que sim (...). Mas continuo a pensar que só quem não ler o livro é que pdoe pensar num branqueamento»

«Não faço a defesa de Fernando Gouveia poque considero que estas figuras também são históricas, não são é heróis nem vítimas antes carrascos. Mas a História, tal como aconteceu no passado recente de ditaduras e totalitarismos, fez-se com estas pessoas.»

Quanto a eu ter dito que «fazer uma biografia de alguém é sempre enaltecê-lo um pouco», é pura e simplesmente mentira. O que lá está é que «houve quem disesse que fazer a biografia de alguém é sempre enaltecê-lo um pouco».

O que eu acho, e está na nota prévia do livro é que fazer uma biografia de alguém não é necessariamente enaltecê-lo. Veja-se as excelentes biografias de Hitler, Himmler e Estaline, que existem no mercado livreiro.

A técnica do Avante é conhecida: tira-se as palavras de alguém do contexto e utiliza-se a bel prazer, para falsificar. Por isso, concluo que não é só «falta de rigor»

Registo também os «plágios» do tal blogue e do Avante!
Quem copiou quem? Trata-se do mesmo autor com nomes diferentes? Ou é apenas a já tão conhecida técnica preguiçosa do «copy and paste»? É um verdadeiro «case study»
Registo também, nesse blogue, a apropriação de um símbolo de liberdade, para promover a censura, pois o apelo que lá vem é: «não leiam o livro»

Anónimo disse...

Este esclarecimento da autora do livro:

“Quanto a eu ter dito que «fazer uma biografia de alguém é sempre enaltecê-lo um pouco», é pura e simplesmente mentira. O que lá está é que «houve quem dissesse que fazer a biografia de alguém é sempre enaltecê-lo um pouco».”

desmascara, sem qualquer margem para dúvida, a evidente coincidência entre o conteúdo do blog citado e o do texto do Avante. Escandaloso! Haja vergonha!

Joana Lopes disse...

Estou perplexa perante as informações fornecidas por Manuel Santos e os esclarecimentos de Irene Pimentel.

Para já, pelo menos, prefiro manter-me calada.

Anónimo disse...

Pois minha cara Joana Lopes, nunca fui menina de ficar calada, por isso aqui vão umas palavrinhas.

Fico estupefacta (pois li o livro) como se pode achar que existe um branqueamento do fascismo (ou antes, do Estado Novo.O PC que não se esqueça que se tivessemos fascismo puro e duro, não tinha "sobrado" nenhum para escrever hoje no "Avante" tamanha baboseira).

O Estado Novo foi um período negro, a Pide foi uma polícia política que cometeu horrores,os Comunistas foram os mais perseguidos, maltratados e mesmo mortos, mas nem queiram saber o que teria sido se tivessemos levado mesmo a sério com o fascismo...

O problema é que o PC está habituado a "branqueamentos"... Mesmo antes do maravilhoso AdobePhotoshop, as personagens que "pisavam o risco" na antiga ditadura soviética, eram apagadas por "artes mágicas" das fotografias históricas, em laboratórios tb eles... "pidescos".
Também me chegou aos ouvidos, que numa operação de "OMO lava mais branco", uma data de arquivos da Pide foram parar a Moscovo...vá lá saber-se porquê?

Ai camarada Casanova, bem podias ter evitado esta "lavagem de roupa suja" do que resta aí do Partideco...bastava ler o livro.

O PC, que não acompanha a evolução da vida em geral nem da publicidade em particular nem sabe o favor que fez à Editora "Esfera dos Livros"... e o quanto se expõe ao ridículo ao escrever tamanha baboseira.

Ah, e há outra coisa...nada irrita mais um "Casanova" ou um camarada do PC que uma mulher inteligente seja visível.

Anónimo disse...

É caso para dizer que... só a mentira é «revolucionária». A falta de vergonha de JC, manipulando a realidade e empurrando pessoas honestas para posições abjectas é digna dos processos de Moscovo. Esta gente precisa ser metida no seu lugar e perceber que, no mundo actual, os seus métodos já só colhem entre os acólitos. E olhem que mesmo aí as coisas já foram mais fáceis...

António P. disse...

Boa noite Joana,
Mas ainda pensa que o PCP mudou e é de esquerda ?
O PCP é um partido conservador que se opõe à mudança e reaccionário porque pretende ser o detentor da verdade do passado.
Cumprimentos

Joana Lopes disse...

Quando neste blogue se «ataca» algo que tenha a ver com o PCP, por mais ligeira que seja a crítica, há sempre um ou vários comentadores que, mais ou menos aguerridamente, vêm defender «a sua dama». Não foi o caso hoje, até agora, e estranhei. Só posso concluir que acharam que, desta vez, os limites da decência tinham sido excedidos por José Casanova. Só lhes fica bem.

Anónimo disse...

A Joana Lopes está a ser irónica. Mas para estas pessoas a «decência» é sempre muito relativa. Um tiro na nuca, lá onde eles um dia mandaram, podia ser um acto «decente». Ser-se historicamente objectivo pode revelar-se «indecente». E assim por diante, etc. e tal. Jamais aprenderão.

Anónimo disse...

Até já sinto... "simpatia, admiração - enlevo, até, por vezes – pelo sinistro"... Casanova.

Então não é... que "armados da esponja e da lexívia necessárias" lhe lavaram o artgo!

"Enfim, assim se vai branqueando"...

Camarada Casanova, isto é que foi uma limpeza!
Antes era a PIDE, será que agora o carrasco do pcp é o TIDE?

No entanto, nada melhor para as nódoas negras que isto:

http://www.misteriojuvenil.com/piratas_momentomagico_pub.htm

(quando abrirem vejam o 1º video ...AJAX)

Anónimo disse...

Joana, o link no post anterior está incompleto. A caixa de comentários é pequena e cortou
Ao abrir, ir a "publicidade na Tv" e então depois ao video Ajax, o da "acção super branqueadora"! Uma pérola... tal como o desenho do rabiscos Vieira!

Isabel disse...

Mas qual é a motivação do PCP ou do autor do artigo do Avante ao pretender denegrir Irene Pimentel?

Só se devem fazer biografias de gente boa e revolucionária?

espero que a minha pergunta não seja entendida como tentativa de branquear o referido autor.

Anónimo disse...

A foto-montagem escolhida e boa parte das considerações aqui expendidas em comentários partem de um PRESSUPOSTO MANIFESTAMENTE ERRADO : o de que o facto de um dirigente do PCP ter escrito no Avante! uma crónica assinada que responsabiliza automaticamente o PCP ou a sua direcção. A verdade é que, COMO SEMPRE ACONTECEUNAQUELE ESPAÇO CHAMADO «ACTUAL», mesmo em termos de entendimentos internos do PCP, só o responsabiliza a ele.E espero que Irene Pimentel acredite que assim é.

Aníbal Figueiredo

Joana Lopes disse...

Isabel,
Claro que a sua intervenção não é entendida como branqueamento de ninguém.
Quanto às razões de posições como a retratada neste artigo do Avante!, seria preciso que fosse o autor a explicar o motivo. A minha interpretação é que o PC não gosta que outros falem dele. Será por isso certamente que não facilita a consulta dos seus arquivos e que alguns historiadores têm de consultar os da KGB ou da CIA para poderem escrever sobre Portuugal.

Joana Lopes disse...

«Aníbal Figueiredo»,

Casanova não é um militante qualquer, é o director do Avante!, Órgão Central do PCP, e foi nele que escreveu este artigo.

Se ele tem um blogue pessoal, com nome real ou com pseudónimo, pode lá escrever o que bem entender. No Avante! compromete, sim, o PC. O resto são subterfúgios sem sentido ou sintomas de esquizofrenia.

Quanto à opinião de Irene Pimentel sobre os seus argumentos, só ela a poderá dar.

Anónimo disse...

Inacreditável.

A Irene Pimentel não precisa mas, só por cósa das coisa, aqui fica o link da entrevista do DN http://dn.sapo.pt/2008/10/27/nacional/a_biografia_pide_os_comunistas_mais_.html

Anónimo disse...

Na sua resposta ao meu sóbrio comentário, a Joana Lopes comete um equivoco fundamental, embora eu saiba que ele tem fortes raízes na cabeça de muitas pessoas.

Consiste em pensar que, lá por ser no Avante! e ser um dirigente do PCP, compromete o PCP.

Não é capaz de entender que o «Actual» é um espaço de crónicas assinadas que, pela sua própria natureza e finalidade jornalística e prazos de entrega, é insusceptível de avaliação prévia ou concordância ou oposição de qualquer instância colectiva do PCP.

Se o «suelto» de José Casanova tivesse sido publicado na secção onde alternadamente escrevem, como tal identificados, membros da Comissão Política do PCP, talvez já a Joana Lopes tivesse uma parte de razão.

É certo que o Avante se define como «órgão central do PCP». Mas isso, desde há muitíssimos anos, não pode acarretar a ideia errada que cada notícia ou artigo assinado responsabiliza o PCP.

Sustentar isso, repare-se, seria defender que, em relação ao seu jornal, o PCP devia manter uma apertadíssimo controle e exame prévio de tudo mas tudo o que é publicado.

Se a Joana Lopes preferia que assim fosse, eu não prefiro.

Aníbal Figueiredo

Tiago R. disse...

O link que falta neste post: http://www.avante.pt/noticia.asp?id=26577&area=25 O artigo de Casanova que se mantém, naturalmente online.

Quanto à opinião em si, ainda me falta ler o livro, mas o tom apologético impregna toda a entrevista.

Quanto à questão de isso ser a opinião do Casanova e não comprometer o PCP, é tão óbvia que só por má-fé (o mais provável) ou por burrice (também ajuda) é que se finge que não se percebe!

Joana Lopes disse...

Tiago R.

O link NÃO FALTA NESTE POST - escusava de ter o trabalho de o repetir. Está lá desde ontem, mas, como é do conhecimento geral E DO SEU CERTAMENTE, deixou de funcionar desde a tarde de ontem e até há pouco tempo. Ao fim da manhã de hoje, ainda estava online a versão do Avante! de 23/10 e não a de 30/10.

Quanto ao termo «burrice», neste blogue agradece-se que passe a ser evitado. Mas já que o empregou, leva-o de volta: só ela pode justificar que se fale de tom apologético a propósito da entrevista publicada no DN. Será que a leu ou ficou-se pelos excertos do Avante?

João Filipe Rodrigues disse...

Caro Sr. Manuel Santos e Sra. Irene Pimentel

Mas que grande perseguição, já se deram ao trabalho de fazer contas das datas dos artigos ao menos?

De facto são os dois artigos abordam exactamente o mesmo assunto, de forma diferente, uma vez que não são ipsis verbis um do outro.

Ora façamos então as contas, o artigo que V. Exa. se refere foi publicado no Cravo de Abril na quarta-feira, dia 29 de Outubro de 2008, pelas 14:30; o artigo publicado por José Casanova no Jornal AVANTE!, sai à quinta-feira. Calculo, porque não tenho a certeza, que seja impresso na quarta-feira, logo deverá estar pronto para edição provavelmente às terças-feiras.

Na minha opinião ninguém, trata-se apenas de duas pessoas que têm a mesma opinião. Ainda bem que assim é!

Já agora, o artigo que referem ter sido apagado abruptamente no AVANTE! on line está disponivel, não terá sido um problema técnico? Acho que sim.

Ao autor deste blog, escrevi aqui esta explicação pois, penso que não seja de bom tom as acusações de plágio a um dos membros do blog em que participo.

Cumprimentos,
João Filipe Rodrigues

Anónimo disse...

Eu ainda não li o livro mas assisti há dias no jornal das nove da SIC-Noticias a uma pequena entrevista á autora acerca do livro e não posso concordar de forma nenhuma que se trata de branquear o fascismo ou coisa que se pareça.Mas já agora pergunto quantas pessoas ainda se dão ao trabalho de ler O Avante?Muitos compram só para ajudar o Partido mas mandam-no logo para o arquivo grande.

Anónimo disse...

"Consiste em pensar que, lá por ser no Avante! e ser um dirigente do PCP, compromete o PCP."

Que candura!

Queria comprometer quem?

Claro que sou o AdobePhotoshop, mas como resolvi passar à clandestinidade e ainda estou indeciso entre AdobePhotoDelux ou
AdobeReader, cá apareço como "anónimo" que é mais eficaz!
Adoro "heterónimos cibernéticos"!

Anónimo disse...

O responsável deste blog bem pode começar a destribuir baldes de lexivia e esponjas, que há por aqui entre os comentadores deste blog muita gente disposta a passar uma esponja pelo "estado novo".

Anónimo disse...

olha que estranho..o avante está cheio de problemas técnicos hoje. deve ser do recorde de visitas o servidor fica maluco e depois troca edições...uma maçada.

Ainda por cima esta novela nem é tão grave quanto isto. o senhor casanova ficou fulo com o título da notícia "A biografia do pide que os comunistas mais receavam", leu-a fulo e decidiu desbaratar. é justo mas a raiva devia ter ido para o jornalista e não para a autora que, tendo ou não ideias reacionários, foi exemplar em termos de isenção. que é o que se quer de um historiador.

Anónimo disse...

Interpretei mal o título do DN. li da PIDE e não do pide.
Afinal Casanova não tem desculpa. a entrevista é imparcial por muito que a senhora não o seja noutras ocasiões.
Tentar transformar a entrevista num caso de branqueamento do fascismo, que os há, é intelectualmente desonesto.

Anónimo disse...

Amiga Joana,
Começo por te pedir desculpa de te endereçar um email quando o que eu queria era tão simplesmente, fazer um comentário à celeuma bloguista que o livro da Irene Pimentel está a causar ( isto é um pedido formal para publicares este comentário ao post em referência )
Ainda bem para o teu blogue pois re-afirma-se como um local de tertúlia o que é de aplaudir e dinamizar.
Vamos agora ao fascismo, ao branqueamento do mesmo, aos comunistas, ao Avante, enfim, a tudo quanto dê para uma boa manchete de um qualquer programa televisivo das tardes ( da Júlia ou de outra qualquer ) onde a falta de nível e carácter só por si justificam as horas dedicadas ao deboche da socialite ...
A Irene Pimentel, confrontada com perguntas sensaboronas ( não acha que com este trabalho está a enaltecer fulano ...? ) em vez de se esmioçar o valor histórico e documental do livro, teve o cuidado pedagógico de frisar que a história não pode limitar-se a falar da vítima esquecendo o carrasco, sob pena de ser tendenciosa, incompleta, inútil e provocatoriamente enganadora.
Daí que não me passa pela cabeça outra coisa que não seja desprezar um sujeito que apoia que a história seja tão aviltantemente distorcida em prol duma parte dum país, duma sociedade ou duma mera comunidade. A isso eu chamo a ditadura das minorias e para mim, ABAIXO AS DITADURAS !
À laia de nota de rodapé, seja-me permitida a pergunta do porquê à ponte Salazar se ter passado a chamar ponte 25 de Abril ?
O que é que o cu tem a ver com as calças ?
Puro branqueamento ? De quê ? Do 25 de Abril ? Do Salazar não foi, de todo !
Joana, é sempre um prazer ouvir-te, nem que seja pela escrita !
Um beijo do teu ex-colega ( convirá dizer para quem não nos conhece, que não fomos colegas de lutas político-revolucionário-contestatárias, etc.),
Garcia de Matos

Joana Lopes disse...

Estive umas horas fora de casa e acabei de aprovar muitos comentários. Que me seja permitido sublinhar o imediatamente anterior a este. É de um ex-colega de trabalho, que mo enviou por mail, com pedido de publicação.

Como ele próprio diz, «não fomos colegas de lutas político-revolucionário-contestatárias», nem mesmo no PREC, nem sequer amigos pessoais próximos.

Mas o Garcia de Matos foi sempre, e continua a ser, UM HOMEM LIVRE! E é por aí que passam muitas diferenças - nesta Caixa de Comentários e não só.

Um abraço e obrigada.

Anónimo disse...

Se se pode dizer à la rigueur que Casanova não é todo o PCP, já não se pode dizer que ele não seja o Avante, e posso afirmar que não sai nada no Avante que não passe pelo seu exame prévio e, se necessário, seja censurado, mesmo as cartas dos militantes (o jornal de um partido político tem "direito" a isso, e todos o fazem, dizem eles). Por isso, enquanto simpatizante da ideologia comunista, não posso concordar com a desonestidade intelectual e a precipitada e estúpida arrogância de Casanova. Irene Pimentel nunca pretendeu branquear nada de nada, é uma historiadora objectiva, coisa rara neste país. Mas também não posso concordar com o exagero de luis eme: "é uma pena que os militantes do PCP ainda tenham uma visão do mundo extremamente redutora..." Há militantes e militantes...

Anónimo disse...

Confesso que vim parar a este blog e a esta polémica sem querer.
Tiro 3 conclusões:
1ª Que a Irene Pimentel não pretende branquear coisa alguma;
2ª Que o José CasaNova não tem,pois, razão;
3ª Que continua a haver muita malta que não pode com o PCP e com nada que se lhe assemelhe e que, sempre que podem, assanham-se e atiram-se aos comunistas como cães a um osso.
Ah!Não sou militante, não concordo com o PCP e estou no blogue édocatano

Anónimo disse...

Cara Joana Lopes,

Não querendo entrar entrar em polémica, não posso deixar de frisar o seguinte:

1. O texto de José Casanova (JC) que tem vindo a ser citado na blogosfera pertence a um artigo de opinião, devidamente identificado com o nome do autor.

2. JC é de facto director do "Avante!", mas o referido texto não surge em editorial.

3. Sim, o "Avante!" para quem tiver o cuidado de o ler de facto, é um jornal que expressa artigos de opinião variadas, nem sempre concordantes. Assim como qualquer jornal.

4. Em todo o caso, não deixo de fazer um exercício inverso (em duplo sentido): acha que os editoriais do José Manuel Fernandes comprometem os comentadores do "Público"?

Por fim, devo dizer que é por demais evidente a intenção (consciente ou não) de muitos bloggers de encontrar uma deixa qualquer para achincalhar o PCP. Longe de qualquer argumentação. A mera citação directa de alguns textos do PCP, legendados por comentário irónico, ou aquilo que a Joana Lopes assinala como a defesa "da dama" por parte dos leitores do seu blogue, sempre que se critica o PCP, está longe de potenciar a crítica. Tão somente vulgariza o monolitismo e o lugar-comum de se brincar com o PCP "porque sim".

Eu sei, naturalmente, que é preciso alimentar um blogue com algo atractivo. Mas não esperava tanta rendição às facilidades do comentário fácil por parte de uma blogger que gostaria de assumir honesta.

Joana Lopes disse...

Estava decidida a dar a discussão por encerrada, mas o seu comentário é suficientemente sereno para que a reabra.

Sobre os 3 primeiros pontos, considero que já disse o que tinha a dizer. Pego no 4. Acho que se JMFernandes escrever um artigo de opinião no Público compromete, sim, o jornal porque é o seu director. Assim, Casanova compromete o Avante que é o órgão oficial do PC - o que é já muito. (Não estou a dizer que vincula o Comité Central ou o secretário-geral.)

Passo ao último parágrafo. Aí, ofende-me ao sugerir que eu escrevi este post para «encher» o blogue. Escrevi-o indignada com alguém que tinha a obrigação de ser responsável e não o é, ao fazer acusações graves com base num livro que não leu e numa entrevista de jornal que parcialmente deturpou. Quanto a ser considerada por si honesta ou não, devo dizer que me é absolutamente indiferente porque estamos em planos desiguais: eu dou a cara com o meu nome real, o que não é o seu caso. O seu «rc» não me diz absolutamente nada e, assim sendo, prefiro até pensar que não o conheço.

Anónimo disse...

Cara Joana Lopes,

Terá que reconhecer que José Casanova assinou um artigo de opinião, e não um editorial.

Perdoe-me se a ofendi. Não era a minha intenção, e da mesma forma também não acredito que procure ofender os seus leitores em qualquer circunstância.

Mas quando aparece alguém a responder a críticas e as assinala como a defesa "da dama", está a afastar a argumentação e o pensamento crítico da leitura e das caixas de comentários deste blogue. E noutras circunstâncias que não este post, não raras vezes tenho encontrado sarcasmo gratuito. Ou como o alvo é o PCP, acha que a racionalidade pode estar fora de jogo? Acho que se pode conversar muito sobre o PCP sem recorrer a tal coisa.

Não é, naturalmente, característica única deste blogue, notando-se que há uma certa comunhão de comportamentos bloguísticos em relação ao PCP (que funcionam em rede, com jogos de citações, etc.). Mas devo dizer que, por encontrar certas coisas aqui, fico sinceramente com pena.

Quanto à minha identidade e ao anonimato, devo dizer que é de facto indiferente que saiba quem sou. Acho que estou a participar construtivamente nesta caixa de comentários, seguindo uma série de princípios mais ou menos generalizados (e que genericamente inclui nas regras de publicação nos seus critérios de edição dos comentários), e creio que isso basta. Ou será que o argumento da autoridade conta numa discussão como esta?

Anónimo disse...

Desculpem lá,quem está chocado por se brincar e gozar tanto com o PCP já reflectiu por que é que isso acontece?

Joana Lopes disse...

«Dois em um», repondo aos dois comentários anteriores. Começando pelo último, a pergunta é mais do que oportuna e permite-me responder em parte a «rc»: limitando-me à blogosfera, de há uns tempos para cá, o comportamento de alguns «adeptos» do PC, nesta e em outras Caixas de Comentários, não merece adjectivo mais adequado do que este: ridículo (não me peçam para explicar porquê, porque não o farei). Nessa medida, prejudicam o partido que defendem e, por isso mesmo, ele é gozado.

Quanto ao «funcionamento em rede» de certos blogues, a que «rc» faz alusão (suponho que concertados contra o PCP), ele não existe ou, se existe, eu não o conheço. Por outro lado, não é a primeira vez que tentam isolar-me como a «boazinha» ainda recuperável, dizendo que, «por aqui», não esperavam encontrar certas coisas. Desistam que eu agradeço.

Anónimo disse...

O último comentário de Joana Lopes responde por si quanto às minhas críticas de falta de abertura a uma verdadeira e séria discussão. O que aparece é ridículo porque sim, e assim acontece.

Está tudo dito.

Anónimo disse...

"ridículo (não me peçam para explicar porquê, porque não o farei)"

que nível!

Anónimo disse...

Ridículo é pouco, grotesco seria melhor. Um conselho, cara Joana Lopes: não lhes dê troco, deixe-os a falar sozinhos!

Chalana disse...

Ena tanta gente a espumar da boca!

Parece que o Avante! e o Cravo de Abril marcaram um golão! hé, hé, hé, hé!!!!

Avante Glorioso PCP!

Anónimo disse...

Hesitei em responder ao post anterior, porque não tenho o hábito de responder a insultos, considerando que eles ficam com quem os profere. Por outro lado, o que tenho a dizer está dito no meu trabalho. No entanto, como o post anterior repete observações que têm sido veiculadas ad nauseam em alguns blogues, segundo os quais eu seria uma «branqueadora» do regime ditatorial português - ai, ai, mais uma vez não lhe chamei «fascista» - aproveito para juntar algumas observações.
Em primeiro lugar, é mesmo não saber como se escrevem livros, baseados em investigação prévia na muito longa duração, pensar que eles possam ser feitos em resposta a qualquer evento próximo da vida do PCP. Aliás, não são, pura e simplesmente, resposta ao PCP. Há muita vida para além da desse partido.
Quanto ao artigo de JC no Avante, com o qual JVA concorda «integralmente», cabe dizer de uma vez por todas que não «versa o novo livro de Irene Pimentel», dado que o articulista e director desse jornal não o leu. Versa, sim, uma entrevista que dei ao DN, da qual são retiradas frases fora do contexto, com propósitos falsificadores.
É curioso como JVA não se preocupa com o facto desse artigo utilizar frases fora do contexto e se preocupa tanto com o contexto que, segundo ele, não existiria nos meus dois livros, os quais parto do princípio que JVA leu, pois, caso contrário, deles certamente não falaria. Mas então não percebo como ignora que nunca caracterizei a PIDE como «um aparente corpo independente do Estado, quando, na realidade, o director da PIDE e toda a polícia política respondiam directamente ao Presidente do Conselho, Salazar ou Marcelo Caetano». E aqui realço a suprema ironia de JVA utilizar uma citação minha, apropriando-se dela, e ainda por cima para dizer que eu não disse o que eu disse.
Cito apenas o que vem no meu livro sobre a História da PIDE: «PIDE/DGS, um «Estado dentro do Estado»?
Como se viu, o complexo SS/Gestapo foi um «Estado dento do Estado», ora, em Portugal, a PVDE/PIDE/DGS nunca deixou de responder perante a sua tutela e, sobretudo, perante Salazar. Tal como o director da PVDE/PIDE, Agostinho Lourenço, também o chefe da PIDE/DGS, Fernando da Silva Pais, despachava com o ministro do Interior, mas também, e sobretudo, directamente com o chefe do governo. Mais tarde, embora nem todos os seus elementos dirigentes apreciassem especialmente Marcello Caetano, a DGS não deixou de responder perante ele. Desse facto, bem como do de a PIDE nunca ter tido grandes veleidades de autonomia, nem ter participado em acções contra o regime, pode-se concluir que essa polícia não era um «Estado dentro do Estado».
Parece ser, assim, mais correcta a ideia de que foi um instrumento central de um regime político oligárquico, longamente assente numa chefia ultra-centralizada de um ditador. Ou seja, foi uma polícia que sempre defendeu o regime, cujos directores funcionaram enquanto correias de transmissões de Salazar, que, permanentemente informado, pelos directores da PIDE, conhecia a sua actuação e confiava nela (…)».
Quanto aos outros argumentos de JVA, resumem-se a duas questões, que evidentemente não posso aqui desenvolver:
- a acusação de eu pretensamente branquear o regime ditatorial português (já agora conte as vezes em que eu nos dois livros refiro essa característica «ditatorial» do regime de Salazar e Caetano) porque não lhe chamo fascista e o facto de eu não utilizar a célebre caracterização de Dimitrov, segundo a qual os diversos regimes que enxamearam a Europa no período entre as duas guerras (e que prosseguiram para além do final da II Guerra Mundial, em Espanha e em Portugal) seriam a «Ditadura aberta e terrorista dos elementos mais reaccionários, chauvinistas e imperialistas do capitalismo financeiro».
Como se trata de um post, sou obrigada aqui a abordar apenas pela rama uma questão que é complexa. Eu pensava que, mesmo no campo marxista, já ninguém se baseava nesta análise simplista. Enganei-me. De facto, já há muito que até os historiadores que se reivindicam do marxismo consideram que essa definição não caracteriza a complexidade desses regimes, nomeadamente por não ter em conta a evidente «autonomia do político». Ora, eu própria considero muito importante essa «autonomia do político», além de que não sou marxista nem utilizo a análise marxista no meu trabalho.
Quanto à caracterização do regime ditatorial português como fascista, os historiadores dividem-se, consoante realçam mais as semelhanças ou, pelo contrário as diferenças, com outros regimes e, não consoante sejam de esquerda ou de direita, como cidadãos. Eu sou adepta das comparações em história, dado que precisamente permitem dar conta das semelhanças e das diferenças e precisamente por isso não utilizo o termo, que extravasou há muito do léxico da caracterização analítica, para a linguagem do dia a dia e porque acho que não dá conta da especificidade do regime português, cuja componente católica e conservadora é fortíssima. Já agora também não utilizo o termo totalitário, apesar de tudo importante na caracterização da Alemanha nacional-socialista e a URSS estalinista, para caracterizar o salazarismo. O mesmo não é dizer que o regime português foi melhor ou pior do que outros regimes ditatoriais. Não entro nisso.
Já agora, os temas que estudo são passíveis de serem abordados das mais diversas formas. Desafio os que me acusam de branquear a ditadura portuguesa a abandonarem a via do insulto e a meterem mãos à obra, pois os arquivos estão disponíveis. Quanto ao Post Scriptum, o autor do post está muito mal informado. Veja os blogues da extrema-direita.

Matos disse...

esse RC é um pagode, como não tem argumentos sérios para apresentar, recorre à vitimização (teorias de perseguições), e à distorção completa dos factos, alegando que o texto em nada está relacionado com o PCP, sendo apenas um mero exercício intelectual, de um individuo isolado, quando na realidade o autor é um importante representante do partido em questão.

Mais engraçado, é a forma brilhante como este defende o plágio:

João Filipe Rodrigues:
«os dois artigos abordam exactamente o mesmo assunto, de forma diferente, uma vez que não são ipsis verbis um do outro.(...)penso que não seja de bom tom as acusações de plágio a um dos membros do blog em que participo.»

Coitado, encontra-se em fase de negação.
Realmente, se aquilo não é plágio, então só pode ser sincronização telepática.