Uma comunicação feita recentemente num encontro de blogues - Os bloggers têm sexo? Contributo para o mapeamento da participação feminina na blogosfera - deu origem a uma polémica neste blogue. A questão voltou hoje à ordem do dia a propósito do I Congresso Nacional de Ciberjornalismo.
A Jonas já fez o trabalho todo, contou a história, pôs todos os links, poupou-me imenso esforço. Acaba assim:
«Sabem que mais, senhoras investigadoras? Vão para a cozinha. Ou isso ou crochet.»
9 comments:
Só hoje me apercebi do debate em torno do estudo sobre a participação feminina na blogosfera minhota. Devo referir que apesar de ser autor do blogue referido no estudo, sou completamente alheio ao mesmo.
Parece-me óbvio que se trata de um estudo descritivo que incide sobre uma população muito específica e que, como tal, os seus resultados não são extrapoláveis. Creio que essa também não era a intenção das autoras já que definem claramente que se pretende analisar a participação das mulheres no debate blogosférico sobre a Petição Pelo Regresso do Eléctrico que foi promovida pelo blogue Avenida Central.
Mesmo não conhecendo o estudo em detalhe, devo dizer que os resultados divulgados não me surpreendem. É que, tendo estado nesse debate, sempre tive a sensação de que era muito mais participado por homens do que por mulheres.
Existem muito poucos blogues no Minho e a maioria deles são pouco visitados e ainda menos comentados. A participação feminina é, ao contrário do que vejo noutras paragens, muito diminuta.
Acabo de chegar de Guimarães, onde participei num debate sobre a Capital Europeia da Cultura promovido por bloggers em que estavam 4 mulheres e 25 homens. Não vejam nesta afirmação qualquer juízo, apenas estou a constatar factos.
É legítimo que se questione a metodologia seguida pelas investigadoras no que respeita à definição de população e amostra a considerar, mas não creio que pôr em causa a sua seriedade acrescente algo de interessante à discussão.
O que está em causa, parece-me a mim, Pedro, não é o estudo em si; sobre o Avenida ou o tal debate, as autoras saberão decerto mais que qualquer de nós.
O problema é que daí se tenha passado a produzir considerações sobre a participação feminina na blogosfera em geral, e que nessas considerações se tenha deixado por completo de ponderar a origem tão específica e local dos dados.
Caro Pedro Morgado,
Longe de mim querer reabrir a polémica que teve lugar neste blogue. Mas não posso deixar de sublinhar, de novo, que de uma população de 7% de 88 pessoas nada se pode concluir nem mesmo sobre o Minho! (Era mais ou menos como se eu tomasse por base as respostas dos vizinhos do meu prédio e extrapolasse para a Região da Grande Lisboa.)
Além disso: não será que as bloggers minhotas activas frequentam mais a blogosfera «nacional» do que a regional? Se calhar...
Caro Pedro,
Mas o que é são Blogs no Minho?
Blogs de pessoas que moram no Minho? Blogs de pessoas que nasceram no Minho? Blogs de pessoas que falam sobre o Minho?
E como é que se baseia um estudo, que depois de estende e se amplia, se baseia exclusivamente num Blog e numa parte da sua BlogRoll? Não contesto os objectivos das autoras, mas acho que estão, no minimo, mal orientadas e, além disso, não sabem aproveitar o feedback que pessoas mais experientes lhes fizeram chegar, persistindo num erro.
Car@s bloggers,
Uma vez que a cozinha e o crochet me esperam, relembro apenas algumas das coisas que já escrevi na caixa de comentários “Bloggers assexuadas?" (http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.com/2008/11/bloggers-assexuadas.html) a propósito das considerações acerca do trabalho sobre a participação feminina na blogosfera:
[...] «Tal como o nome da comunicação indica, o que apresentámos no Encontro de Blogues foi um "contributo para o mapeamento da participação feminina na blogosfera", o que significa uma abordagem sobretudo teórica ("estado da arte") desta problemática» [...]
[...] «O que levámos ao Encontro de Blogues é uma parte de um trabalho que tem uma parte empírica, que será apresentada no I Congresso de Ciberjornalismo, que decorrerá em Dezembro, no Porto, com o título "As vozes femininas na blogosfera: um olhar sobre a realidade do Minho". Mais uma vez, tal como o título indica, trata-se de "um olhar" sobre uma realidade particular a nível regional». [...]
«Em momento algum afirmámos que os dados são generalizáveis. Fizemos questão de sublinhar nos títulos e ao longo dos trabalhos que estão em causa contributos para o estudo desta questão. Apenas isso». [...]
[...]«O que queremos sublinhar é que este é o nosso contributo para uma primeira abordagem da problemática. Nunca, em momento algum, pretendemos que o estudo fosse aquilo que não é.
O objectivo não era, nesta fase inicial, fazer uma investigação com uma grande abrangência, para a qual será inclusivamente necessário aperfeiçoar metodologias».[...]
E agora “ala” para a cozinha! Como pessoas «mais experientes», têm alguma sugestão a apresentar quanto à ementa? E em relação às “manualidades”, pode ser ponto cruz ou arraiolos?
Luisa Ribeiro,
Obrigada pelo seu comentário. Lamento, no entanto, que continue a não defender a validade de quaisquer conclusões, mesmo para «um olhar», a partir de uma amostra tão irrisória.
(Agora com a assinatura certa)
Cara Luísa Teresa Ribeiro,
Bem-vinda ao debate.
"contributo para o mapeamento da participação feminina na blogosfera"
Acha verdadeiramente que a forma amadora (no melhor dos sentidos) com que abordaram o tema (1 blog, um questionário, uma parte de uma blogroll, nem sequer uma centena de dados) pode contribuir de forma positiva para uma análise séria?
"As vozes femininas na blogosfera: um olhar sobre a realidade do Minho".
Tenho em melhor conta as minhotas e os minhotos para achar que posso mapeá-los com base num único blog.
«Em momento algum afirmámos que os dados são generalizáveis. Fizemos questão de sublinhar nos títulos e ao longo dos trabalhos que estão em causa contributos para o estudo desta questão. Apenas isso»
Nesse caso porque é que o vosso blog tem como título, destacadíssimo "As vozes femininas da Blogosfera"?
Se não pretendiam que o "estudo" não fosse aquilo que não é, deveriam ter-se apercebido da falha de comunicação durante a apresentação da Católica, e corrigido para o I Congresso de Ciberjornalismo. Ao que parece, pela reacção que li aqui http://marretas.blogspot.com/2008/12/so-para-contrariar-acabaram-de-dizer.html não foi isso que aconteceu.
Peço desculpa, mas quando é uma das autoras do referido trabalho a dizer, e passo citar, "Carla Cerqueira acrescenta que o estudo “não é de todo generalizável nem representativo”" (http://www.comumonline.com/index.php?option=com_content&task=view&id=1526&Itemid=78),o que é que se está, verdadeiramente, a discutir? Se um qualquer estudo não é, de todo, representativo do que pretende ser é representativo de quê?
Por outro lado, a única coisa que consegui ver, até ao momento, foi uma estatística descritiva com base em %. Não percebi, porque não encontrei escrito, quais foram as "questões colocadas ao material recolhido" nem qual a hipótese de trabalho a ser testada. E por falar em material, as sete prováveis mulheres que responderam ao questionário pertencem ao grupo de comentadores ou ao grupo de participantes num dos 91 blogs referidos? É que, tanto quanto pude perceber, logo à partida existiram duas amostras diferentes, definidas palo modo como os dados foram colhidos.
Pra terminar, faço notar que, de acordo com o que o Pedro Morgado diz num comentário acima, o estudo "pretende analisar a participação das mulheres no debate blogosférico sobre a Petição Pelo Regresso do Eléctrico que foi promovida pelo blogue Avenida Central", objectivo substancialmente diferente do de um estudo exploratório sobre "As vozes femininas na blogosfera: um olhar sobre a realidade do Minho".
Só uma coisinha, Pedro, a seriedade pessoal das autoras não é questionado, mas a correcção metodológica e a validade das conclusões - i. é, a seriedade científica do estudo - são-no, muito justificadamente.
(odeio a @ com propósitos igualitários)
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