No DN de hoje, Nuno Brederode Santos conta uma bela história. Há que a ler na íntegra, mas aqui fica o que me interessa.
Numa esplanada, algures em Lisboa, quatro «gerontes», reduzidos à condição de fumadores enregelados (como imagino bem a cena, eu que a partilho por vezes, na mesma esplanada, com os mesmos gerontes...) ouvem um jovem falar do «namorado da avó». Gargalhar dos quatro, para quem, em termos de avó, o «maior assomo de convivialidade com homens se cingia a retribuir o “boa noite” profissional de Pedro Moutinho e a “despedir-se com amizade” do engenheiro Sousa Veloso».
Esqueceram-se de várias coisas. Nem as avós são ainda o que eram, nem a palavra «namorado» tem a mesma serventia. É que já não há amantes, amásios, flirts, noivos ou mesmo amigos coloridos. Agora é só namorados - do infantário até à cova! (Com raras excepções, claro, dos que ainda passam pelo cartório, pela igreja ou por Badajoz e que insistem em tratar-se por maridos, mulheres ou esposos.)
Além disso, caríssimos, que conheço há tantos anos que ainda devíamos ter avós por esses tempos, aí vai uma em jeito de feminista, o que nunca me sai muito bem: as gargalhadas seriam tantas se o jovem se tivesse referido à «namorada do avô»? Olhem que talvez não!...
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