10.8.09

Esta querida blogosfera















O post do Bruno Sena Martins, em avatares de um desejo, ganha mais actualidade a cada dia que passa, merece leitura na íntegra e muuuuuita reflexão.

«Assim se forjou uma era em que o debate político ia sendo fortemente alimentado pelas franjas do espectro político e em que a discussão vivia de questões marcadamente ideológicas. Pois bem, essa era acabou. Hoje a blogosfera é um reflexo fiel da esfera pública portuguesa: o debate ideológico foi largamente substituído pelas questões pragmáticas do governo da república e a crítica tendencialmente indiscriminada deu lugar aos rigores da lealdade partidária. De facto, não haveria forma de olharmos para o Jamais ou para o Simplex senão como sintomas cintilantes de uma nova era, uma era em que os partidos do centro político reclamam na blogosfera o protagonismo que lhes é devido no mundo real. Enumerando as causas desta transformação, poderíamos dizer que resulta de uma crescente densificação de transações entre a blogosfera e o mundo exterior, que resulta da institucionalização de algumas vozes sob a morna respeitabilidade dos media tradicionais, que resulta de uma conjuntura em que a política internacional não fomenta fracturas ideológicas de maior, que resulta de um clima pré-eleitoral que favorece um calibrar das relações de poder, que resulta, enfim, do magnetismo de um centro político que assim revela a extensão da sua hegemonia

Sobre a mesma problemática – ou quase -, ler também este texto.

4 comments:

José Barroso Dias disse...

Olá Joana,
tanto o post do Bruno como o do Luis são certeiros. Se em relação aos blogues de Direita não me preocupa muito o que lá se passa, pois são de Direta e isso chega para que não sejam "dos meus". Já em relação a alguns de Esquerda, chamem-se eles Blog de Esquerda da Revista Sábado ou Simplex, irritam-me muitas das coisas que por lá se escrevem. Desde a "Esquerda diversa" do Blog de Esquerda, ondem escrevem 3 pessoas do PS e uma quarta que foi mandatária de Passos Coelho,a frases como estas que se encontram no Simplex: "A manter-se este resultado (das sondagem do Expresso), a votação no BE impossibilita a maioria do PS e torna o país ingovernável e à beira do abismo. Desde a criação do regime democrático em 1974, nunca estivemos numa encruzilhada tão grande.(João Paulo Pedrosa )ou "Por tudo isto: Votar no BE é meio voto no PSD." (Hugo Costa). A arrogância de certas pessoas quer fazer crer que, qualquer eleitor com consciência de esquerda (?) terá de votar PS, e se não o fizer estará a contribuir para o caos no país. A isto eu chamo, não discussão político/ideológica, mas sim chantagem política. Começo a não ter paciência.

Joana Lopes disse...

Olá, Zé! Gosto sempre que deixas rasto. Estou de acordo com quase tudo.
Só uma observação. No SIMplex, há pessoas muito diferentes, o que é inevitável num blogue com tanta gente. Como em todos os blogues colectivos, põe-se uma questão de fundo: até que ponto as pessoas devem - ou não - demarcar-se publicamente quando discordam, em questões graves (e o exemplo que apontas é grave, no meu entender) do que outros escrevem. Não é fácil.

José Barroso Dias disse...

Joana,
estou completamente de acordo contigo. Reconheço no elenco do Simplex algumas pessoas que muito admiro , não só intelectualmente como até politicamente.Concordo também quando dizes que, sendo o Simplex um blogue colectivo não será fácil a estas pessoas demarcarem-se de certas posições de outros locatários. Mas penso que saberei sempre distinguir nas minhas apreciações os autores de cada post (e por isso tive o cuidado de colocar o seu nome em cada uma das citações)não metendo todos no mesmo saco, o que seria, evidentemente, incorrecto da minha parte.

Jorge Conceição disse...

Não li nem conheço o tal Simplex (a não ser o simplex.gov.pt), mas pelo 1º comentário de José Barroso Dias fiquei a saber que redactores do PS (João Paulo Pedrosa e Hugo Costa) estão em sintonia com o antigo pensamento de Salazar, Caetano e sequazes que defendiam o partido único (chamado não eufemisticamente de União Nacional nos tempos do primeiro) para que os inimigos do regime não ousassem pô-los em causa e tudo a bem da Nação!