«O que se passa em Portugal é de malucos à solta»
30.9.09
29/9 – Noite inesquecível (1)
O ataque de lucidez de Alberto João Jardim:
«O que se passa em Portugal é de malucos à solta»
«O que se passa em Portugal é de malucos à solta»
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4 comments:
Por uma vez estamos de acordo com o Louco, não é?
Joana
Creio bem que se vão passar coisas ainda mais inesquecíveis.
Cavaco não esteve só a sacudir a poeira. Alguma coisa visará, julgo eu, além dessa falhada operação de higiene.
Muitas nuvens nos deixou a sua intervenção. Já estamos noutra. Que se olhe só para o que se segue. O tempo que vem. Até porque, o que Cavaco Silva disse agora, neste fim, deve afastar-se muito do que diria, se tivesse falado em qualquer altura tido como um começo, ou como um quase começo, daquilo que nos conduziu até aqui.
Esta ocasião é também a de um começo, mas, desta vez, de alguma coisa muito diferente, mesmo muito diferente. Não o duma influência no acto eleitoral, o que ele exerceu por todas as formas que lhe foram possíveis, mas aquele outro começo de sofrer as suas consequências, as consequências dos resultados eleitorais. Resultados de que Cavaco Silva tentará torcer ou descartar-se, se alguma possibilidade houver para tal.
Aguentar a Manuela Ferreira Leite até ao fim das autárquicas e, perante um Conselho Nacional, apreciando, não duas eleições, mas três, e aceitando a sua sobrevivência até àquele período em que pode dissolver a Assembleia da República ? Não sei se será um dos seus propósitos. Dava-lhe jeito e até se verifica que escolheu o 1º dia de campanha das autárquicas para “esclarecer” o País. Podia ser no dia anterior, mas, naquele dia, obtinha melhores efeitos. Olhará Cavaco Silva para esta sua primeira janela de oportunidades?
Dá-lhe jeito atrasar o mais possível o aparecimento das condições em que se pudesse ver ou vislumbrar um outro candidato presidencial apoiado pelo PSD. Um Marcelo, chegado, agora, mais à frente, não é coisa que lhe convenha. Pela certa. O PSD tem ressentimentos em relação a Cavaco Silva. Alguns até nem terão uma boa razão. Julgarão alguns PSDs que aquilo que Cavaco Silva disse agora conduziria o seu Partido à maioria, se tal discurso fosse feito no início da campanha. Estarão enganados. O discurso do início não seria este, mas as queixas lá vão aparecendo. Queriam, pois, a papinha toda feita.
Não vale a pena estar a apreciar o que o Presidente disse. Todos o fazem. Poder-se-ia descobrir aspectos novos, mas isso não conta para nada. A não ser para o conforto dos do que pensam, como eu, que Cavaco Silva é uma nulidade. E malevolamente rirmo-nos um pedaço.
Há muitas possibilidades que se podem considerar. É grande a nebulosidade da situação. Cavaco Silva até pode indigitar Sócrates em condições tais que tornarão inaceitável tal indigitação. Não creio de todo que salte de imediato para a “solução” PSD/CDS, mas pode manobrar de maneira tal em que, “obrigado” pelo quadro existente, seja obrigado a isso. O PC, melhor o JS, já deu um sinal inquietante. Depois, com essa “solução” haveria as confusões e as manobras do deixar passar o programa do Governo, por inércia e pela fuga às ratoeiras que poderiam ser o chumbo dum orçamento (e há os duodécimos...) ou as de fugir aos custos eleitorais possíveis duma moção de censura que ganhasse. Com a respectiva queda daquele governo e a criação dum impasse mais ou menos prolongado.
Desejará apenas ganhar força perante o PS, metendo ao jogo uma quantas cartas passíveis de serem jogadas? Não sei. Deixaria de haver o Sócrates ou nada.
Também não sei se Cavaco Silva pensa recandidatar-se ou se vai ver condições para isso. Também não interessa. Com um sim, um não ou um talvez, a conversa seria idêntica.
Joana, eu não estou a prognosticar coisa nenhuma. Estou só a tentar considerar algumas possibilidades, se é que o são, que nos podem surpreender ainda mais do aquele inconcebível discurso de Cavaco Silva.
Uma coisa me parece e não é coisa pequena. O regime saído do 25 de Abril aproxima-se do esgotamento, mas não me parece que a situação que vivemos seja já, ou possa ser, a da sua ultrapassagem.
E não me alargo que este “meu” espaço já vai enorme.
Abraço
Zé,
Desde ontem que brinco com isto, porque não sei que fazer de diferente.
Pões muitas hipóteses, todas elas possíveis - a ver vamos, como dizia o ceguinho.
Há uma outra para a qual talvez me incline: a de Cavaco forçar Sócrates a apresentar um governo não minoritário. Mas não sei, claro.
Joana
Há toda a razão para brincar com a cena. Cavaco aparece-nos, naquela intervenção, como um artista de circo. Um prestidigitador trapalhão. Em vez de fazer desaparecer as coisas para voltarem a aparecer, em passes e truques. Sorridente e com boa decoração a seu lado, Cavaco, sem qualquer decoração que nos anime, credo!, faz primeiro aparecer as coisa e depois fá-las desaparecer numa embrulhada de palavras equivocas, de tempos trocados, de ideias absurdas, de buracos de memória. E, depois, deixa apenas aparecer uma mão ameaçadora. A sua. Talvez vazia de coisa alguma. Vivi uns bons minutos de espanto.
Podia vê-lo, também, como uma espécie de Houdini que não se conseguia safar. Mais um espanto dos antigos.
A hipótese que referes, até parece-me ser uma das mais prováveis. Com a roupagem dum discurso de governo estável, com capacidade perante os graves problemas, das responsabilidades perante o País, etc., etc.
As minhas hipóteses são, na aparência, as mais terrificas. Há, seguramente, caldinhos mais mornos. Vamos a ver.
Abraço
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