29.9.09

Uma suave impressão de caos













País apaixonado pelas lonjuras e pelas distâncias, sempre em busca de outras paragens, com gente que não gosta de conviver na rua, onde amigos vivem décadas sem se tratar por tu, «uma suave impressão de caos como a que se sente numa loja de antiguidades» – é Portugal visto de Madrid ou até de Badajoz, num polémico e divertido artigo publicado em La Vanguardia.

Os portugueses serão «ricos pobres» desde o tempo das descobertas (até os pedintes têm um ar aristocrático), embalados ainda em novelas sonhadoras, que trocaram o «senhor conde» e «senhor marquês» por doutor ou professor doutor.

País inviável, militante de uma impossibilidade, como dizia Fernando Pessoa? Pequena nação que se decidiu por um destino separado, Portugal tem de reinventar todos os dias a sua história, na permanente procura de uma individualidade. Habituado à incerteza em que está mergulhado hoje todo o Ocidente, reencontrou certamente agora uma das suas grandes forças ancestrais.

O texto teria talvez mais graça se tivesse sido escrito por um espanhol, mas o autor, Gabriel Magalhães, é português embora more há muitos anos com nuestros hermanos. Nem isso evitou acusações de «traição à pátria» na caixa de comentários do jornal - como seria de esperar…

(Artigo de La Vanguardia, conhecido através de Carlos Sousa Almeida no Facebook.)

1 comments:

Anónimo disse...

Se fôr um espanhol vê o nosso rectângulo de uma maneira, se fôr um Basco, já vê completamente diferente, se fôr um português de Lisboa tem outra visão se for do Porto já tem outra, mas de todos os olhares, o ponto de vista mais concreto mais genuino é o olhar do emigrante:
Portugal, mais do que uma terra de partida é uma terra de regresso.
Nós somos como somos, mas está provado que temos defesas naturais, que são inexplicáveis.