Só Murakami me faria ler um livro mais adequado como presente de Natal para o eng, Sócrates do que para a minha mesa-de-cabeceira.
Leitora de uma fidelidade incondicional a toda a sua obra de ficção, de uma imaginação fulgurante, por vezes fantasmagórica, nunca me passou pela cabeça que o subtítulo do seu auto-retrato - «enquanto corredor de fundo» - fosse isso mesmo: a descrição detalhada da dedicação ao jogging, à maratona e ao triatlo como práticas desportivas e formas de terapia, dos treinos, das frustrações, do estoicismo, das pequenas vitórias, da relação de tudo isto com a escrita, como forma de concentração e sobretudo de perseverança.
Não será um grande livro, nada que se compare à força da outra inesquecível obra de não ficção (Underground), mas lê-se bem.
E estou com Murakami quando ele diz, numa das últimas páginas: «Daqui a instantes, preparo-me para nadar uma distância de mil e quinhentos metros, depois é pegar na bicicleta e percorrer quarenta quilómetros e, por fim, correr dez quilómetros. E para quê, não me dizem? Não seria mais fácil se me pusesse a deitar água numa velha panela com um buraquinho no fundo?»
Eu escolheria a panela, como é óbvio.
Haruki Murakami, Auto-retrato do escritor - enquanto corredor de fundo, Casa das Letras, 2009, 192 p.
Leitora de uma fidelidade incondicional a toda a sua obra de ficção, de uma imaginação fulgurante, por vezes fantasmagórica, nunca me passou pela cabeça que o subtítulo do seu auto-retrato - «enquanto corredor de fundo» - fosse isso mesmo: a descrição detalhada da dedicação ao jogging, à maratona e ao triatlo como práticas desportivas e formas de terapia, dos treinos, das frustrações, do estoicismo, das pequenas vitórias, da relação de tudo isto com a escrita, como forma de concentração e sobretudo de perseverança.
Não será um grande livro, nada que se compare à força da outra inesquecível obra de não ficção (Underground), mas lê-se bem.
E estou com Murakami quando ele diz, numa das últimas páginas: «Daqui a instantes, preparo-me para nadar uma distância de mil e quinhentos metros, depois é pegar na bicicleta e percorrer quarenta quilómetros e, por fim, correr dez quilómetros. E para quê, não me dizem? Não seria mais fácil se me pusesse a deitar água numa velha panela com um buraquinho no fundo?»
Eu escolheria a panela, como é óbvio.
Haruki Murakami, Auto-retrato do escritor - enquanto corredor de fundo, Casa das Letras, 2009, 192 p.
4 comments:
Olá Joana,
reitero os meus votos de um excelente ano novo, porque não sei se viu o meu comentário do dia 1.
Para variar, andamos a ler os mesmos livros, também sou uma fã do Murakami (quando fui ao Japão fiz questão de comprar o Kafka à beira mar em Japonês...)e acabei de ler à pouco tempo o livro que refere. Claro que nada tem a ver com os outros livros, mas é bom conhecer esta faceta do escritor.
Beijinhos
São
Vi o comentário no dia 1, sim senhora.
Não me lembrei dessa: de comprar um Murakami em japonês quando lá estive! Boa malha...
Bjs
Joana
Ah!
Esqueci-me de lhe dizer que estou a ler um livro que lhe recomendo, e que, possivelmente, a Joana já conhece.Chama-se "Disse-me um adivinho" e é do Tiziano Terzani. Também fala do Laos. É muito interessante.
bjs
São
Não conheço, não. Vou procurar. Thanks
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