«Não sejam tudo, em directo, a todo o tempo, com todas a pessoas. Não presumam que estão autorizados a ser, sempre, absolutamente sinceros. A transparência, vício dos impolutos, está a dois ténues passos do asselvajamento e nem todos conseguem abster-se de transpor a perigosa linha. Os amigos dos nossos amigos não serão, por osmose, nossos amigos e as relações relativamente próximas não são necessariamente íntimas. Por isso, façam o favor de fingir, engolir em seco para não ofender, mentir, se preciso for, em vez de dar largas à vossa indefectível verdade.»
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3 comments:
Joana,
mesmo tarde, não queria passar sem deixar aqui dito que isto é ver o Mundo da pior maneira. Está bem que, devido à idade, já vimos tanta coisa que estamos causticados. Mas fazer a apologia da absoluta falta de autenticidade é tirar-nos alguma da razão para ainda acreditarmos nas pessoas.
Não acha tão negativas as palavras da Laura? Ou estará lá alguma coisa de subentendido que não consigo ler?
António,
A parte do texto a que fui muito sensível foi esta:
«...as relações relativamente próximas não são necessariamente íntimas. Por isso, façam o favor de fingir, engolir em seco...», porque peco pelo extremo oposto e já me tenho arrependido muitas vezes. Só isso...
Infelizmente, dou-lhe razão. As nossas ingenuidades dos 18 anos já levaram tanta patada que nos armámos, mesmo inconscientemente, duma carapaça que nos tira a naturalidade.
Mas, Joana, vamos tentar não nos plastificar ainda mais. O seu Brumas também tem que lutar contra isso. Bom fim-de-semana.
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