…ou, mais prosaicamente, Dia das Mentiras.
Não fosse uma decisão de Carlos IX, rei de França no século XVI, e estaríamos hoje a festejar o Ano Novo ou, pelo menos, o fim da semana que o marcava, de 25 de Março a 1 de Abril.
Era a chegada da Primavera que comandava a nova vida e não o rescaldo invernoso das festas natalícias. Invernoso aqui pelo hemisfério Norte que era, mas já não é, quem governava o mundo – estival para mim que nasci «lá em baixo», onde 1 de Janeiro era dia obrigatório de praia.
Mas voltando a Carlos IX: foi ele que fixou gregorianamente o novo dia para arrancar o ano, mas muitos não gostaram e continuam a festejá-lo na antiga data. Motivo de gozo para outros que passaram a enviar aos primeiros votos de Boas Festas e convites falsos para inexistentes festividades – des plaisanteries.
E porquê «peixes» de Abril? Porque tinha acabado pouco antes o signo dos ditos cujos e porque, em geral, se estava na quaresma em que é suposto comer-se peixe…
(Tudo isto em várias Wikipedias perto de si.)
Mas eu creio que, este ano, o Poisson d’Avril começou bem antes e que tudo o que temos ouvido nos últimos dias não passa de pura plaisanterie: Paulo Portas e Durão Barroso não têm nada a ver com submarinos, se calhar nem comprámos submarinos, se não há rapazes maus, por que raio é que haveria padres pedófilos, Bento16 é o mais ingénuo de todos os papas desde os tempos de S. Pedro e Sócrates quer mesmo apoiar Manuel Alegre e nós é que não percebemos.
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7 comments:
Bom, já sabíamos que Paulo Portas était un petit poisson rose e que Barroso era um cherne...
Joana, a parte dos submarinos não é o poisson d'Avril, apesar de meter água, mas sim o poison d'Avril...
Quanto ao Manuel Alegre, parece-me que ganha mais em perder sem o apoio do PS (como ganhou antes, perdendo) do que em perder com o apoio do PS.
E o PS ganha mais em apoiá-lo, perdendo, do que em perder sem o apoiar.
Nesta contabilidade analítica cruzada, e olhando ao grau de decência aparente dos personagens, se calhar é preferível que o PS não o apoie, não é?
- Manuel Alegre ganha mais em perder sem o apoio do PS: de acordo.
E ganha sobretudo o Bloco.
- o PS ganha mais em apoiá-lo, perdendo, do que em perder sem o apoiar: não sei. O que é «perder sem o apoiar»? Apoiando outro? Não apoiando ninguém?
Apoiando outro perdedor perde mais do que apoiando-o a ele.
Porque se expõe a perder, o que é relevante para o eleitorado indeciso que o vai ver como um partido perdedor.
E porque irrita o eleitorado de esquerda, que lhe vai deitar as culpas pela derrota do seu candidato (por não perceber que vários candidatos à primeira volta beneficiam, e não prejudicam, esse lado do espectro, porque somam mais votos e reduzem a hipótese de uma maioria absoluta da outra candidatura logo na primeira volta).
Não apoiando nenhum, faz figura de ter medo de ir a jogo.
O que é relevante para o eleitorado indeciso que o vai ver como um partido perdedor.
E para o eleitorado de esquerda, que vai valorizar a combatividade de quem foi a combate e lembrar-se de quem atirou a toalha ao chão.
Apoiando-o, neutraliza o detonador que lhe pode provocar danos à esquerda, e pode atribuir a derrota ao apoio do BE, safando-se razoavelmente bem junto dos indecisos.
Nota que estes comentários são feitos no pressuposto, que para mim tem elevada probabilidade de se verificar, de o Doutor Cavaco Silva ser reeleito, e suponho que à primeira volta.
PS: Reparaste como se consegue andar por entre os pingos da chuva sem se molhar? Estamos a discutir "poison" ou miudezas?
Começo pelo fim: mais miudezas, creio.
Quanto ao resto, raciocínios perfeitos, com uma nuance: se substituirmos PS por Sócrates (e, quando falamos de decisão de apoiar ou não, é dele que se trata), altera-se o sentido de algumas premissas e as conclusões podem ser outras.
Na verdade eu substituí "Sócrates" por "PS" naquilo que escrevi.
Ou "PS de Sócrates", para ser mais preciso.
Se fizermos o "rollback" (lembras-te do rollback?) fica exactamente aquilo que eu queria dizer, cheio de erros ou de coisas certas.
Mas temos que nos lembrar que no sistema político português, em que são os partidos, e não os eleitores, que escolhem os deputados, ou a sua esmagadora maioria, o partido do governo e, consequentemente, a AR, são reféns do governo, que tem vírgulas, bons empregos e negócios da China para distribuir.
Se quiseres fazer uma distinção, não ponhas Sócrates de um lado e o PS no outro.
Põe o PS actual de um lado e o PS futuro do outro.
Aí, já darei o braço a torcer...
Podes regressar ao poison, que é bem mais interessante para discutir do que o candidato derrotado nas próximas eleições presidenciais...
Mas também podes continuar por este tema, para mim é um prazer discuti-lo, até mais do que o outro, que não consigo deixar de ver como caso sério e caso mau.
Pois, o melhor é não voltar nem a um nem a outro: que sera, sera...
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