Já bem presente, neste caso:
«O problema, que a crise mundial tornou mais cruel, tem dez anos e nunca foi encarado de frente. Nos dias do deslumbramento da Expo-98 e do crescimento que parecia ilimitado, os governos de Cavaco e de António Guterres fizeram opções que ainda hoje condicionam a nossa vida. Cavaco Silva aprovou o Novo Sistema Retributivo da Função Pública, que na década seguinte implicou um crescimento na ordem dos dez por cento ao ano dos custos do pessoal do Estado. Nos anos de Guterres, a função pública foi engrossada com mais 50 mil funcionários. Entre 1995 e 2005, Portugal foi o país da Europa onde a despesa pública mais cresceu (6,9 por cento).»
Público...
7 comments:
O problema e a solução
O problema não é aquilo que o texto do jornal identifica como o problema. O texto identifica meros sintomas, e não a doença. Muito menos a cura.
Temos andado a pensar ao contrário: temos andado a olhar para o problema (o endividamento do Estado) como decorrendo de alguns Governos mais gastadores, e pensando que a solução será baixar o déficit.
Ném uma coisa, nem outra.
O problema é assumir-se que é sustentável a prazo um déficit médio superior a ZERO. Pensar-se que um déficit de 3% do PIB até é virtuoso, omitindo que, em 33 anos, cria uma dívida pública do tamanho do PIB. Uma vez isso aceite, a sociedade exige do Governo que deite dinheiro na economia, e o Governa deita-o. E ainda há quem pense que deita pouco (ex., a posição actual do BE e do PCP perante as grandes obras públicas).
A solução não consiste em querer baixar o déficit. Não funciona. A solução consiste em olhar para tudo o que o Estado faz e escolher o que é para deixar de fazer. E é aí, e não na vontade de baixar o déficit, que se vai poder baixá-lo...
Vai dizer isso ao dr. Barroso...
O do MRPP? Porquê?
O da UE.
(Naquela entrevista, o Saldanha Sanches dizia que o Durão Barroso continuava a ser um MRPP) Mas porque havia de lhe dizer isto a ele?
Porque são «eles» que limitam tudo à diminuição do deficit.
Ó Joana,
Quem contraiu as dívidas fomos nós. Quem tem que as pagar somos nós. A quem os credores cortam o crédito à mais pequena falha numa prestação, será a nós. Quem perdeu a liberdade, a liberdade de escolha de quem tem mais do que deve, fomos nós. Achas que são "eles" que nos mandam poupar dinheiro e reduzir o déficit? O dinheiro acabou!
E o déficit vai acabar por acabar, não porque o Governo irá fazer esforços de contenção ou redução de custos, mas porque não vai arranjar quem lhe empreste dinheiro para o financiar.
No tempo das desvalorizações pagávamos cantando e rindo, porque não dávamos por ela: imprimiam-se umas notas para gastar, o Escudo desvalorizava, ficavamos todos mais pobres na exacta medida da desvalorização, mas não nos apercebiamos do empobrecimento, e até dizíamos que era bom para a exportações (pudera, os salários baixavam com a desvalorização e, com eles, os custos de produção).
Com o Euro, vamos perceber que vamos pagar, e é a diferença.
E, uma de duas, ou decidimos de onde retirar o Estado, e poupar na despesa pública, ou não decidimos e, de um dia para o outro, quando acabar o dinheiro, o Estado deixa de pagar a eito, seja aos fornecedores, seja aos funcionários.
Aqui tens uma opinião que não é nada de esquerda, que ainda anda a sonhar com o Estado a gastar ainda mais dinheiro para estimular o crescimento económico...
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