8.10.10

Realidade ficcionada


Não é a primeira vez, nos últimos tempos, que volto ao princípio de um vídeo para me certificar de que não é ficção pura, nem truque de humor para divertimento. Foi de novo o caso com este.



Impõe-se um pequeno esforço de imaginação para tentar entrever o que está a montante e a jusante do que foi mostrado. Mesmo sem qualquer tipo de populismo, custa a crer que estejamos a ouvir falar de realidades que deveriam ser parecidas com as que nos são próximas – no mesmo planeta, na mesma época, até no mesmo continente. A poucas horas de avião, a uma eternidade de atitude.
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5 comments:

mdsol disse...

Fica-se sem palavras. Ou então com muitas, muitas mesmo!

:))

catarina disse...

Eu confesso que a circulação que este vídeo está a ter me deixa intrigada. É bom que em Portugal se olhe a actividade política como exercida por pares e despida de regalias apenas próprias de monarquias. Mas depois este é um vídeo de uma monarquia e são de facto mostrados direitos dos deputados que por cá não existem: os deputados em Portugal não têm direito a residência (de nenhum tipo) nem a gabinetes individuais, ao contrário dos suecos. E, como os suecos, também não têm direito a carro, a motorista, a assessor ou a secretária privada.
E pelo que fui capaz de perceber, os deputados por cá ganham menos do que os suecos, o que é mais do que natural e justo(ganhamos todos bem menos que os suecos).
Há muito a debater sobre a forma como a actividade política é feita em Portugal, mas este vídeo parece-me um tiro ao lado que vive de uma imagem errada do nosso parlamento. Fosse o vídeo sobre as relações entre actividade pública e privada...

Joana Lopes disse...

Obrigada pelo seu comentário, Catarina, que faz todo o sentido.

Mas, primeiro, não entendo a referência ao facto de a Suécia ser uma monarquia: que tem isso a ver com o que está em questão?
Segundo: o mérito do vídeo, no meu entender, é que põe em evidência uma mentalidade e uma atitude muito diferentes da nossa (não só nos parlamentos, mas na vida em geral, com «virtudes» e «defeitos») e a «distância» ajuda a perspectivar.

É certo que, em Portugal, não há apartamentos alugados para deputados, mas há ajudas de custo para quem não vive em Lisboa, certo? E concordará comigo se lhe disser que a imagino perfeitamente a viver no tipo de casa que se vê no vídeo, mas que não diria o mesmo da esmagadora maioria dos que se sentam em S. Bento…

catarina disse...

Joana, o comentário sobre a monarquia talvez seja "ao lado". Mas quando o tema é regalias, como neste vídeo, e a monarquia aparece como um pormenor "inquestionado", eu questiono.
Quanto ao resto, concordo consigo. Mas é preciso nunca esquecer o alvo. O problema não está nas condições inerentes ao cargo; está nas condições efectivas em que cada deputado exerce o cargo. É na acumulação de cargos, na circulação pouco clara entre público e privado, na influência do poder económico nas decisões que está o problema. O discurso demagógico sobre as condições públicas de exercício da actividade política servem apenas para dar mais poder aos interesses não públicos. O que é muito perigoso.
E por isso é que comentei o seu post.Recebi, recebemos todos, este vídeo através das redes todas em que nos movemos e nunca reagi. Mas consigo, apeteceu-me conversar sobre isto. Obrigada.

Joana Lopes disse...

Assino tudo o que escreve. Num post, aborda-se um assunto concreto e, só por isso, nem me passou pela cabeça pôr em causa a monarquia - ça va de soi...
De resto, totalmente de acordo.