Tendo como referência o valor do PIB, foi declarado que a China ultrapassou o Japão, é já a segunda potência mundial e poderá tirar o primeiro lugar aos Estados Unidos em 2025.
Percurso complicadíssimo e cheio de escolhos, num país em que cerca de cem milhões de pessoas vivem com menos de um dólar por dia, a inflação derrapa, o perigo de a bolha imobiliária rebentar é uma realidade, há falta de mão-de-obra qualificada em muitos sectores e onde as exportações representam 40% do PIB, quando os seus principais mercados externos estão em recessão ou perto dela.
Last but not the least, o governo chinês sabe que não poderá dominar e contrariar eternamente as reivindicações de direitos políticos dos seus cidadãos e tem de encarar uma vez por todas essa situação.
Externamente, a China enfrenta a desconfiança da Europa e dos Estados Unidos que temem a sua hegemonia no plano económico e desconfiam da concorrência no palco geopolítico mundial.
E, no entanto, há também razões para optimismo: «Devíamos regozijarmo-nos porque centenas de milhões de chineses estão a conseguir, pouco a pouco, sair da miséria. Mas há mais do que isso. Uma economia chinesa próspera é uma oportunidade para o conjunto do planeta. Grande consumidora de matérias-primas, ela dá um novo impulso aos países produtores, nomeadamente de África e da América Latina. Com uma população de 1.300 milhões de habitantes, oferece um gigantesco mercado às grandes e às pequenas multinacionais que lhe fornecem produtos e serviços.»
(A partir daqui.)
Claro que tem de ser possível tirar partido das grandes potencialidades de tudo isto e de muito mais. Mas não sei se estamos no bom caminho, sobretudo se temos no horizonte os enquadramentos ideológicos mínimos, indispensáveis para gerir correctamente o que aí está e o que está para chegar, necessariamente a velocidades vertiginosas. O modelo de gestão da actual «crise» não augura nada de bom. Optimismo muito mitigado, portanto…
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4 comments:
Espanta-me a ingenuidade da Joana ao concordar, aparentemente, com isto: "Mas há mais do que isso. Uma economia chinesa próspera é uma oportunidade para o conjunto do planeta. Grande consumidora de matérias-primas, ela dá um novo impulso aos países produtores, nomeadamente de África e da América Latina." Que oportunidade? Que impulso? A única oportunidade que vejo é a que a China oferece às oligarquias dominantes nos "países produtores" para extrairem ainda mais-valia dos que para eles trabalham e dos recursos naturais de que se apropriaram. E o único impulso que importa é o que será dado à destruição do meio ambiente, em particular nos "países produtores". Ou a Joana acha que a madeira importada pela China vem de plantações controladas, os minérios de explorações ambientalmente inócuas, e os produtos manufacturados de fábricas limpas?...
Pedro,
Está a assumir que os países produtores de matérias primas continuarão indefinidamente dominados por oligarquias, o que não me parece uma fatalidade.
Além disso, de certo que concordará se lhe disser que não me parece que tenham sido menos explorados até agora por venderem apenas ou sobretudo aos EUA, Japão, etc.
A luta para que essa exploração acabe tem de ser global e anti-capitalista - ou não será.
Estimada Joana Lopes:
Da minha parte, só posso subscrever na íntegra o comentário do Pedro Viana e, na qualidade de residente no Japão — onde, por razões óbvias. informação mais abundante e detalhada sobre a actual situação política, económica e social da China, invade diariamente todos os canais de comunicação —, só posso, com desgosto, acrescentar: a China é o maior e mais horrendo pesadelo deste novo século, vá por mim — eu também não queria acreditar, mas é mesmo verdade...
Meus mais amigáveis cumprimentos,
Luís Filipe Afonso, Fukuoka, Japão
Caro Luís Filipe, Obrigada elo seu comentário e pelo alerta.
Eu não sou «entusiasta» com o pappel da China, mas de todo! Mas como é que se lida com pesadelos?
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