18.4.11

Os finlandeses, esses patifes


E, de repente, o modesto xenófobo que dorme no coração de muitos pequenos portugueses acordou num fim-de-semana de Sol e descobriu que os finlandeses são as piores criaturas da Europa – ou mesmo do hemisfério Norte, como diria o outro. São péssimos e o único objectivo que os guia, neste momento, é tornar-nos a vida infernal.

Há meia dúzia de anos já foram modelo a imitar (e de que maneira…), é bem provável que lhes devamos em parte a invenção do fenómeno Magalhães, mas...meu deus, onde é que isso já vai! Hoje, são carrascos em potência, que gostaríamos que alguém apagasse do mapa o mais depressa possível.

É de lamentar, e de temer, a subida assustadora do Perussuomalaiset e o que ela representa como força crescente da extrema-direita? Certamente. Mas as eleições de ontem não foram um acto isolado, mas sim mais uma das consequências do «suicídio europeu» que «resulta do monstro que construímos», sendo verdade que «o egoísmo é o mais estúpido dos instintos perante esta crise europeia» e que «é respondendo a esta irracionalidade que a Europa se está a desgovernar», como escreve hoje o Daniel Oliveira.

Desta vez, caímos na folha errada do calendário finlandês. Mas estamos longe de ter razões para invejar esse povo da chamada «Zona Cinzenta», com a história recente que tem, parente pobre de alguns vizinhos muito ricos e vítima de outros, terrivelmente dominadores. Há bem pouco tempo, quando nós já beneficiávamos de chorudas benesses europeias.

E é bom recordar que Helsínquia é uma cidade acinzentada mas bem mais acolhedora do que Reiquiavique (por mais impopular que seja dizê-lo neste momento…), que Alvar Aalto foi um artista excepcionalíssimo e, também, já agora e bem a propósito, que a Finlândia continua a ser a terra do Pai Natal…
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4 comments:

Nacionalista disse...

Porque serão os finlandeses a pagar a crise dos outros? Serão eles a Santa casa da Misericórdia? Ainda me lembro quando em 2009 no "resgate" à Grécia, Portugal ter contribuido directamente com 130 milhões de euros. Irónico no mínimo, pedir emprestado a 5% de juro na altura e emprestar à Grécia a uma taxa de FMI a 3.5%. Não tem lógica nem na Coreia do Norte.

Este tipo de noticias só me vem dar mais razão sobre o futuro da UE. A sua desagregação e extinção em menos de 10 anos. Sonho com isso. Portugal primeiro fora do Euro e depois fora da UE embora acredito que os primeiros a sair desta agremiação serão os ingleses e os escandinavos, depois serão os outros, e tudo cairá como um castelo de cartas. Assim também evitará a aprovação da constituição europeia, que a ser aprovada será o maior golpe na soberania de um país. O que se verifica hoje são uns quantos parasitas que se aproveitam das leis europeias para receberem subsidios e dissseminarem as suas sharias contribuindo para darem cabo de um continente que já foi exemplo para todo o mundo.

Eu já fui europeísta, hoje sou um eurocéptico. Primeiro porque para mim é estúpido a ideia de existirem duas velocidades na UE. Segundo porque a UE, ou melhor, a CEE, deu cabo da nossa agricultura com a PAC. A abolição das fronteiras e a livre circulação de pessoas, bens e serviços contribuíram para o aumento do fenómeno multiculturalista e ameaça às identidades nacionais de cada Estado-membro. A moeda única por um lado dá jeito quando viajamos pelos restantes países da UE que aderiram a ele, mas por outro lado desvirtuou as economias nacionais. E depois ainda há uma Turquia que deseja ardentemente entrar na UE para islamizar o continente e muitos outros países miseráveis que sonham com as tetas dos milhões sustentados pelo motor da Europa, a desgraçada Alemanha.

Se isto está errado como é que se explica que são dos paises mais avançados social e económicamente da Europa aqueles que estão a virar para a direita nacionalista (a extrema-direita é uma invenção dos jornalistas anárquicos). A Austria ha uns anos, Geert Wilders agora na Holanda, Marine Le Pen à frente das sondagens em França, a Suecia que já elegeu 6 deputados nas ultimas legislativas e agora os Verdadeiros Finlandeses que ficaram a 1.2% da vitória? A direita nacionalista nunca surge por mero acaso. Reflecte o sintoma atual dos Europeus, cansados, ultrajados e impotentes face aos mais variadoa ataques, internos e externos.

Parece que só no sul da Europa este fenómeno nao se verifica mas já sabemos pq nao acontece, somos o quintal e precisamos de esmolas.

Joana Lopes disse...

O seu pseudónimo diz tudo e não o sigo, de todo, quando ao fundamental, embora possa estar de acordo com algumas observações que faz. O descalabro actual da Europa não tem como origem o «ataque» aos nacionalismos mas, bem pelo contrário, o facto de não ter sido capaz de responder ao «internacionalismo» que se impunha. Países fechados, muros protectores? Não, muito obrigada, até porque caem como baralhos de cartas.

Amélia disse...

Só haverá. a meu ver, uma Europa unida, quando houver uma forma de união política dos europeus, sob forma, por exemplo, de federação europeia - com órgãos federais eleitos e órgãos eleitos nos diversos estados que integrarem a federação europeia, soberanos, mas com soberania ajustada aos órgãos federais. Por enquanto, há apenas interesses económicos a regerem os destinos. Se a Islândia estivesse já na UE ser-lhe-ia mais difícil a a autonomia que lhes permite dizer:Não se paga, não se paga!
A Finlândia, por mais que isso nos desagrade .vive, como a Alemanha toda poderosa, mais para si e os seus interesses que para os países que, segundo eles dizem, trabalham pouco e são devedores...escusavam era de ter linguagem tão ofensiva, como é da sua extrema-direita.
Posso estar a pensar mal...mas é o que penso...E seria bom que os países ditos PIGS se unisse e dissessem Não pagamos, não era?...

Joana Lopes disse...

Amélia,
«POR ENQUANTO, há apenas interesses económicos» (na UE)? Cada vez mais, infelizmente...
E, sim, acho que os PIIGs deviam estar a «resistir» em conjunto. Era fundamental e urgente!