E, de repente, o modesto xenófobo que dorme no coração de muitos pequenos portugueses acordou num fim-de-semana de Sol e descobriu que os finlandeses são as piores criaturas da Europa – ou mesmo do hemisfério Norte, como diria o outro. São péssimos e o único objectivo que os guia, neste momento, é tornar-nos a vida infernal.
Há meia dúzia de anos já foram modelo a imitar (e de que maneira…), é bem provável que lhes devamos em parte a invenção do fenómeno Magalhães, mas...meu deus, onde é que isso já vai! Hoje, são carrascos em potência, que gostaríamos que alguém apagasse do mapa o mais depressa possível.
É de lamentar, e de temer, a subida assustadora do Perussuomalaiset e o que ela representa como força crescente da extrema-direita? Certamente. Mas as eleições de ontem não foram um acto isolado, mas sim mais uma das consequências do «suicídio europeu» que «resulta do monstro que construímos», sendo verdade que «o egoísmo é o mais estúpido dos instintos perante esta crise europeia» e que «é respondendo a esta irracionalidade que a Europa se está a desgovernar», como escreve hoje o Daniel Oliveira.
Desta vez, caímos na folha errada do calendário finlandês. Mas estamos longe de ter razões para invejar esse povo da chamada «Zona Cinzenta», com a história recente que tem, parente pobre de alguns vizinhos muito ricos e vítima de outros, terrivelmente dominadores. Há bem pouco tempo, quando nós já beneficiávamos de chorudas benesses europeias.
E é bom recordar que Helsínquia é uma cidade acinzentada mas bem mais acolhedora do que Reiquiavique (por mais impopular que seja dizê-lo neste momento…), que Alvar Aalto foi um artista excepcionalíssimo e, também, já agora e bem a propósito, que a Finlândia continua a ser a terra do Pai Natal…
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4 comments:
Porque serão os finlandeses a pagar a crise dos outros? Serão eles a Santa casa da Misericórdia? Ainda me lembro quando em 2009 no "resgate" à Grécia, Portugal ter contribuido directamente com 130 milhões de euros. Irónico no mínimo, pedir emprestado a 5% de juro na altura e emprestar à Grécia a uma taxa de FMI a 3.5%. Não tem lógica nem na Coreia do Norte.
Este tipo de noticias só me vem dar mais razão sobre o futuro da UE. A sua desagregação e extinção em menos de 10 anos. Sonho com isso. Portugal primeiro fora do Euro e depois fora da UE embora acredito que os primeiros a sair desta agremiação serão os ingleses e os escandinavos, depois serão os outros, e tudo cairá como um castelo de cartas. Assim também evitará a aprovação da constituição europeia, que a ser aprovada será o maior golpe na soberania de um país. O que se verifica hoje são uns quantos parasitas que se aproveitam das leis europeias para receberem subsidios e dissseminarem as suas sharias contribuindo para darem cabo de um continente que já foi exemplo para todo o mundo.
Eu já fui europeísta, hoje sou um eurocéptico. Primeiro porque para mim é estúpido a ideia de existirem duas velocidades na UE. Segundo porque a UE, ou melhor, a CEE, deu cabo da nossa agricultura com a PAC. A abolição das fronteiras e a livre circulação de pessoas, bens e serviços contribuíram para o aumento do fenómeno multiculturalista e ameaça às identidades nacionais de cada Estado-membro. A moeda única por um lado dá jeito quando viajamos pelos restantes países da UE que aderiram a ele, mas por outro lado desvirtuou as economias nacionais. E depois ainda há uma Turquia que deseja ardentemente entrar na UE para islamizar o continente e muitos outros países miseráveis que sonham com as tetas dos milhões sustentados pelo motor da Europa, a desgraçada Alemanha.
Se isto está errado como é que se explica que são dos paises mais avançados social e económicamente da Europa aqueles que estão a virar para a direita nacionalista (a extrema-direita é uma invenção dos jornalistas anárquicos). A Austria ha uns anos, Geert Wilders agora na Holanda, Marine Le Pen à frente das sondagens em França, a Suecia que já elegeu 6 deputados nas ultimas legislativas e agora os Verdadeiros Finlandeses que ficaram a 1.2% da vitória? A direita nacionalista nunca surge por mero acaso. Reflecte o sintoma atual dos Europeus, cansados, ultrajados e impotentes face aos mais variadoa ataques, internos e externos.
Parece que só no sul da Europa este fenómeno nao se verifica mas já sabemos pq nao acontece, somos o quintal e precisamos de esmolas.
O seu pseudónimo diz tudo e não o sigo, de todo, quando ao fundamental, embora possa estar de acordo com algumas observações que faz. O descalabro actual da Europa não tem como origem o «ataque» aos nacionalismos mas, bem pelo contrário, o facto de não ter sido capaz de responder ao «internacionalismo» que se impunha. Países fechados, muros protectores? Não, muito obrigada, até porque caem como baralhos de cartas.
Só haverá. a meu ver, uma Europa unida, quando houver uma forma de união política dos europeus, sob forma, por exemplo, de federação europeia - com órgãos federais eleitos e órgãos eleitos nos diversos estados que integrarem a federação europeia, soberanos, mas com soberania ajustada aos órgãos federais. Por enquanto, há apenas interesses económicos a regerem os destinos. Se a Islândia estivesse já na UE ser-lhe-ia mais difícil a a autonomia que lhes permite dizer:Não se paga, não se paga!
A Finlândia, por mais que isso nos desagrade .vive, como a Alemanha toda poderosa, mais para si e os seus interesses que para os países que, segundo eles dizem, trabalham pouco e são devedores...escusavam era de ter linguagem tão ofensiva, como é da sua extrema-direita.
Posso estar a pensar mal...mas é o que penso...E seria bom que os países ditos PIGS se unisse e dissessem Não pagamos, não era?...
Amélia,
«POR ENQUANTO, há apenas interesses económicos» (na UE)? Cada vez mais, infelizmente...
E, sim, acho que os PIIGs deviam estar a «resistir» em conjunto. Era fundamental e urgente!
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