Damien Millet, porta-voz do CADTM França (Comité para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo) e Eric Toussaint. presidente do CADTM Bélgica, autores do livro a La Dette ou la Vie, publicaram há alguns dias um importante texto: «Enfrentar a crise da dívida na Europa».
Dois excertos que não dispensam a leitura na íntegra.
«De acordo com os bancos de negócio Morgan Stanley e J.P.Morgan, em Maio de 2011, os mercados consideravam que havia 70% de probabilidade que a Grécia não conseguisse pagar a dívida, em comparação com 50% dois meses antes. A 7 de Julho de 2011, a Moody’s colocou Portugal na categoria das dívidas de alto risco. Eis mais uma razão para optar pela anulação: é preciso auditar as dívidas, com a participação dos cidadãos, a fim de anular a parte ilegítima. Se não se tomar esta opção, as vítimas da crise sofrerão perpetuamente um castigo duplo em proveito dos banqueiros culpados. Está mesmo à vista na Grécia: as receitas de austeridade sucedem-se, no entanto, a situação das contas públicas não melhora. O mesmo irá acontecer em Portugal, na Irlanda e Espanha. Uma grande parte da dívida é ilegítima, pois provém de uma política que favoreceu uma ínfima minoria da população em detrimento da esmagadora maioria dos cidadãos.
Nos países que aceitaram acordos com a Troika, as novas dívidas não só são ilegítimas, mas também odiosas; isto acontece por três razões: 1. os empréstimos são concedidos sob condições que violam os direitos económicos e sociais de grande parte da população; 2. os credores chantageiam esses países (não existe autonomia de vontade real por parte do mutuário); 3. os credores enriquecem abusivamente impondo taxas de juro proibitivas (por exemplo, a França ou a Alemanha pedem emprestado a 2% nos mercados financeiros e emprestam a mais de 5% à Grécia e à Irlanda; os bancos privados pedem emprestado a 1,25% ao BCE e emprestam à Grécia, à Irlanda e a Portugal a mais de 4% a 3 meses). (…)
Convém igualmente realizar uma auditoria cidadã da dívida pública. O objectivo da auditoria é obter a anulação/ o repúdio da parte ilegítima ou odiosa da dívida pública e reduzir fortemente o resto da dívida.
A redução radical da dívida pública é uma condição necessária mas insuficiente para tirar da crise os países da União Europeia.»
.
1 comments:
Mas anda a classe politica a dormir?Quem nos governa não sabe disto ou daqui a uns anitos quando o coelho sair do poleiro vão ser descobertas umas contas offshore,começo a pensar que estamos a ser vendidos á troika e a classe politica é quem nos vende com isso ganhando grande comissões!!
Enviar um comentário