Terminou ontem uma greve geral de dois dias. As «gordas» e as imagens dos jornais de hoje realçam que houve distúrbios nas ruas (e é verdade), mas o mais importante é perceber a fortíssima mobilização que existiu, de trabalhadores e de estudantes, que parece longe de um fim à vista.
Num Chile que cresce 6,1% ao ano, mas que é um dos países do mundo em que se registam maiores desigualdades em termos de salários, os trabalhadores fizeram greve e saíram à rua (600.000, segundo os próprios) para exigirem uma nova Constituição, um novo código de trabalho e, sobretudo, o desmantelamento do modelo económico vigente no país desde a ditadura, que os governos de centro esquerda não reformaram nos últimos vinte anos.
Solidarizaram-se com as movimentações estudantis que duram há três meses e onde se luta pela educação gratuita e por uma reforma do sistema educativo. Ontem, foram os estudantes que se uniram ao protesto concretizado na greve geral e que vieram para as largas avenidas chilenas, em quatro grandes marchas que convergiram para o centro de Santiago.
Entretanto, o nome de uma nova líder atravessa fronteiras: Camila Vallejo (na foto), de 23 anos, estudante de Geografia, é agora o rosto de uma nova geração que «não parece ter medo de nada» e que recebe apoios não só no seu país como da América Latina em geral, desde a presidente argentina Cristina Kirchner ao cantor cubano Silvio Rodríguez. Ela própria frisa a importância da dimensão global dos protestos, ao afirmar que «es muy importante para nosotros recalcar que esto trasciende los límites de las fronteras de Chile. Las demandas expresadas interpretan a gran parte del pueblo, tanto latinoamericano como europeo, porque es la recuperación de algo legítimo». (Vale a pena ler esta curta entrevista.)
Seguir os próximos capítulos, porque o Chile não vai parar.
(Outra fonte.)
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