Foi hoje: VM propõe, no Público (sem link), que se extingam as três escolas «exóticas», destinadas a filhos de militares e das forças de segurança: Colégio Militar, Pupilos do Exército e Instituto de Odivelas. Trata-se de «uma espécie de escolas particulares de propriedade e gestão pública», onde, é certo, se pagam propinas, mas que não evitam a existência de encargos «com as instalações e o pessoal militar que nelas presta serviço, cujo valor não é despiciendo». Para além de não terem qualquer justificação.
Apanho a boleia para referir outros privilégios incompreensíveis, recordados ontem no jornal «i», a propósito da CP: «há cerca de 150 mil funcionários do Estado que têm direito a descontos nas viagens em transportes públicos que podem ir até 75%»: agentes da PSP e GNR, funcionários da Justiça, incluindo magistrados no activo e na reforma, e militares.
Porquê, em nome de quê? Reminiscências e associação inevitável:
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5 comments:
Joana, no que se refere ao desconto na CP, para militares e polícias, só gostaria de deixar uma reserva. São trabalhadores, que são movimentados constantemente para longe da sua residência habitual, por imposição do trabalho, e do Estado Português. Essas colocações, em pontos distintos do país, e movimentações espontâneas originam despesas, e outros desgastes não só financeiros, como a dificuldade em estabelecer um ponto de residência fixo.
Era bom que os comboios regionais da CP ( sim, porque o desconto só se aplica aos comboios regionais da CP, chegasse a muitos pontos deste país, ou que os comboios regionais fizessem ligações entre as principais cidades). Talvez assim, alguns destes trabalhadores podassem usufruir do desconto,e Vital Moreira, poder exigir a retirada destes direitos a estes trabalhadores. Até porque nas ligações Intercidades e Alfa, não se aplica qualquer desconto, e a maioria dos transportes que os trabalhadores militares das forças armadas, ou da PSP utilizam são o seu próprio carro.
O Vital Moreira está igual a ele mesmo, preocupado com tostões de "benefícios" de trabalhadores, e a querer encher multinacionais. Porque se estivesse assim tão condolente, proporia medidas de descontos de transporte público, para todos os trabalhadores deslocados, que os pretendam utilizar.
Frenando, há aqui uma confusão: VM só fala de encerramento de ESCOLAS: C. Militar, Pupilos, etc. Se seguir o link, verá isso.
Depois, eu é que falei de descontos na CP, baseada numa outra notícia. Continuo a não concordar consigo: se polícias se deslocam em serviço, que lhes sejam pagas essas deslocações (idem para militares, embora não veja por que razão estes se deslocam). Ou então: que dizer de professores que fazem mais de 100kms por dia para dar aulas em escolas onde são colocados? Etc., etc.
Joana,
Creio que essas escolas deixaram de ser destinadas (ou, pelo menos, reservadas) a filhos de militares, e são abertas ao público em geral.
São "exóticas" por ministrarem ensino militar, mas ao fim e ao cabo são tão exóticas como as que ministram ensino artístico, como o Gregoriano ou o Conservatório (que também há quem proponha extinguir)...
Quanto aos custos para os contribuintes, eu era capaz de propor mais depressa a eliminação do pagamento pelo Estado das propinas em escolas internacionais (como a St. Julian's) aos filhos dos diplomatas...
Completamente de acordo com a chocante assimetria com que são tratadas as deslocações dos professores colocados longe de casa e as de outros funcionários, nomeadamente os Magistrados (o caso mais chocante, porque se mantém pela reforma, ou jubilação, fora).
Só C. Militar é aberto a outros, segundo li.
Não sei como se passa o pagamento a estudos a filhos de militares em escolas estrangeiras me Portugal, mas assumo que pode justificar-se, dada a mobilidade «linguística» a que estão sujeitos pela profissão dos pais. Teoricamente, acabam por estar cá, passageiramente, em «assignment»... (Quando estive em La Hulpe, a IBM pagou a escola do meu filho - fazia parte do pacote.)
Cara Joana,
Entrei para o Colégio Militar em Outubro de 1965. Um mês depois, o meu pai embarcou para Moçambique numa comissão de serviço com a duração de dois anos (ao todo serviu 16 anos em Africa, onde eu nasci). Apesar de filho de militar, em serviço no então chamado Ultramar, sempre paguei mensalidade. Eu e todos os outros! Tanto quanto sei, essa mensalidade era (penso que ainda é) correspondente ao soldo do militar: quem ganhava mais, pagava mais. A única excepção que me conste, é de que os filhos de militares mortos em combate deixavam de ter a obrigação de pagar mensalidades. Não lhe parece justa e adequada esta excepção?
Já nessa altura havia muitos filhos de civis no Colégio Militar, todos eles, também e evidentemente, sujeitos a uma mensalidade.
O senhor Vital Moreira, e aparentemente a Joana por tabela, fala do que não sabe. É fácil consultar na Internet http://www.colegiomilitar.pt/index.php/candidaturas/simulador-de-mensalidades.html o custo das mensalidades no Colégio Militar, basta consultar o simulador.
O senhor Vital Moreira devia, talvez, dar mais atenção a outros assuntos gravosos e outros privilégios existentes na sociedade portuguesa, do que embirrar com o Colégio Militar e os Militares em geral.
Foi graças a esses militares, que ele (e todos nós!) ganhou liberdade de expressão para poder dizer o que lhe vem à cabeça...
Os meus cumprimentos, Rui Morais de Sousa
Ex-aluno do Colégio Militar, 541/65. Com muito orgulho!
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