Sem surpresa, o PS decidiu esta madrugada que irá abster-se quando o Orçamento de Estado for aprovado pela maioria parlamentar. Anunciou, desde já, que o fará não só na generalidade mas também na votação final – quaisquer que sejam, portanto, eventuais modificações que o texto venha a reflectir.
Ou seja, parte sem qualquer poder negocial e vale a pena tentar perceber que sentido tem a principal proposta que, aparentemente, fará: ao que parece, reduzir o corte de subsídios a funcionários públicos e pensionistas de dois para um. Trata-se de pura manobra de window dressing, sem consequências e sem esperança, ou terá acordado algo nesse sentido nos tais encontros «secretos» com Passos Coelho? No segundo caso, ficariam / ficarão ambos um pouco melhor nas fotografias e Cavaco respirará de alívio.
Mas tenha-se consciência do absurdo que é podar uma árvore no meio de uma floresta queimada e esquecer que este OE é tão importante que só é susceptível de receber votos a favor ou votos contra. Ao abster-se, o PS não vai salvar Portugal nem o euro, vai votar em Merkel, Sarkozy e outros que tais, contra o futuro da Europa e de Portugal.
Não se «culpe» António José Seguro porque Assis já disse que teria feito o mesmo – «irmãos gémeos que são há décadas na escola do instinto centrista do PS», como ontem escreveu Paulo Pedroso. E é inútil insistir-se na tecla da responsabilidade fundadora do PCP e do BE porque esse peditório está esgotado.
Sejamos claros: o que esta decisão mostra, preto no branco, é que este Partido Socialista como tal (não grande parte dos seus militantes, como é óbvio) saiu mesmo, esperemos que provisoriamente, do campo de batalha da esquerda, por muito condescendente que se seja na definição dos limites da mesma. Resta-lhe o terceiro lugar no pódio do arco da (tristíssima) governabilidade – lugar que até está livre, quem sabe se à sua espera…
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2 comments:
O link para o Paulo Pedroso dá um alerta de software malicioso...
A mim, não, Jorge. Experimentei agora mesmo.
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