1.1.12

Discursos de presidentes – hoje e ontem


Numa espécie de alucinação, enquanto ouvia agora Cavaco só me vinha à memória a cara de Tomás. Não sei bem o que disse, pareceu-me que nada trouxe de novo e de relevante (defeito meu, certamente…), mas os comentadores já estão a explicar tudo.

Com a alucinação, veio a recordação dos hilariantes discursos que o velho almirante fazia sempre a 1 de Janeiro - «profundos», com um pendor filosófico inquestionável. Fica este excerto do que disse, há 46 anos:

«Decorreu célere, como os que o precederam, o ano que acabou de sumir-se na voragem do tempo. Outro o substituiu, para uma vida igualmente efémera. Nesta mutação constante, afigura-se haver agora um fenómeno de visível incongruência, pois, quando tudo se processa a ritmo que se acelera constantemente, pareceria lógico que de tal circunstância resultasse um aparente alongamento no tempo e não precisamente o inverso. Se sempre o presente, mal o é, se torna logo em passado, nunca, como nos nossos dias, tão evidente verdade pareceu mais evidente.»
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4 comments:

rosario duarte da costa disse...

Boa noite, Joana. Feliz Ano 2012
Conheci o Américo..E, o Salazar...
E os seus discursos, planos e, quase
paternalistas...
E, o Cavaco, quanto a mim, sombra
de uma máscara do Museu Grévin...
Inquiéto-me, com a situação do povo
português.
A imagem fria, de um homem no poder
pelo poder...
Uma grande tristeza. Com um ex-professor
de económia, pretendendo dar lições aos
americanos e italianos, que tem uma visão
limitada da ecónomia e, das finanças!

Joana Lopes disse...

Bom ano também para si, Rosário. De acordo: bem precisávamos, especialmente neste momento, de um outro tipo de pessoa na presidência.

meirelesportuense disse...

O homem era um filósofo---Morreu na sombra do Cavaco da época!
Tenho pena, onde está sepultado tal vulto(?), tenho que o visitar...E pedir-lhe um autógrafo.

Anónimo disse...

Escrevi um mail a SEXA, minutos antes do seu discurso de ano novo, precisamente a dizer-lhe que as palavras são insuficientes e a sugerir-lhe que, ao menos, faça com que os actos batam certo com as palavras. Escrevi-lhe a propósito do não envio do OE2-2012 para o Tribunal Constitucional. Não serve de nada?! Claro que não, mas fez-me bem ao fígado.

Simão Gamito