Em Nota difundida ontem à noite sobre os incidentes registados durante a tarde, a PSP alerta para a necessidade de «os jornalistas se identificarem, colocando-se sempre do lado da barreira policial que os separa dos manifestantes em geral».
Quanto à necessidade de identificação, o Sindicato dos Jornalistas já respondeu o que parece óbvio:
«Agradecemos essa sugestão da polícia, mas não a transformemos nem em lei nem em norma (…) porque pode ser que a simples identificação atraia agentes agressores seja de que lado for com o objectivo de neutralizar uma testemunha profissional do acontecimento».
Mais extraordinária parece a necessidade evocada de os órgãos de comunicação social se colocarem do lado da barreira policial! Nem poderiam ou deveriam misturar-se com os manifestantes, entrevistá-los, fotografá-los? Sobretudo: onde era suposto que estivesse, por exemplo, a fotojornalista Patrícia Melo Moreira, cuja fotografia já correu mundo, quando a «barreira policial» era uma multidão de polícias dispersos a atacar tudo e todos? Às cavalitas de um deles?
Além disso: a carga policial de que esta pessoa foi vítima ficava justificada se não se tratasse de uma jornalista mas de uma simples cidadã a fotografar um acontecimento público?
Além disso: a carga policial de que esta pessoa foi vítima ficava justificada se não se tratasse de uma jornalista mas de uma simples cidadã a fotografar um acontecimento público?
A PSP encara um direito intocável de qualquer democracia como uma guerra entre trincheiras. Com a diferença que só numa delas pode andar à bastonada.
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P.S. - Copio um texto deixado por Diana Andringa na Caixa de Comentários:
«Joana, que bem quadram as fotografias de ontem com o título do teu blogue!
Das brumas da memória (1968?69?) surgiu-me a imagem do José João Louro, então jornalista na Vida Mundial, a entrar na redacção, ainda com as marcas bem visíveis de uma agressão policial: "E eu tinha o crachá! Eu tinha o crachá!" (Nesse tempo, era essa a visível identificação como jornalista.) E os mais velhos, troçando-lhe a inocência: "Claro, assim souberam melhor em quem bater!" Tinha ido cobrir uma manifestação...
Passaram mais de 40 anos - e o 25 de Abril. Em democracia, é também em nosso nome que a polícia agride manifestantes e jornalistas. Toleraremos em democracia o que repudiávamos em ditadura?
(A pergunta vale também para a ideia de ser a Direcção Geral da PSP, e não os jornalistas, a decidir o ângulo de abordagem de um acontecimento...)»
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4 comments:
Joana, que bem quadram as fotografias de ontem com o título do teu blogue!
Das brumas da memória (1968?69?) surgiu-me a imagem do José João Louro, então jornalista na Vida Mundial, a entrar na redacção, ainda com as marcas bem visíveis de uma agressão policial: "E eu tinha o crachá! Eu tinha o crachá!" (Nesse tempo, era essa a visível identificação como jornalista.) E os mais velhos, troçando-lhe a inocência: "Claro, assim souberam melhor em quem bater!" Tinha ido cobrir uma manifestação...
Passaram mais de 40 anos - e o 25 de Abril. Em democracia, é também em nosso nome que a polícia agride manifestantes e jornalistas. Toleraremos em democracia o que repudiávamos em ditadura?
(A pergunta vale também para a ideia de ser a Direcção Geral da PSP, e não os jornalistas, a decidir o ângulo de abordagem de um acontecimento...)
"...Com a diferença que só numa delas pode andar à bastonada"
Permitam-me discordar... o Povo pode e tem o Direito de utilizar a força quando a tal for forçado...
Nós como Cidadãos (eu pessoalmente já me considero Ex-Cidadão mas isto são formas de estar e ver a sociedade em que vivemos!), e supondo que vivemos em "Democracia", abdicamos dos nossos direitos de auto-defesa e auto-protecção e depositamos estes nossos direitos num grupo de outros Cidadãos, ao qual apelidamos de "Polícia"... Se este Grupo de Cidadãos usurpa e abusa e nos ataca, então estamos perante um caso em que se torna legítimo reavermos os nossos direitos de auto-defesa e auto-protecção.
Se estes bando, para não voltar a apelidar de MANADA que é o que merecem, de indivíduos está sob o efeito de drogas e hormonas então cabe as entidades competentes efectuarem análises de rastreio e expulsar destas forças os drogados e viciados em hormonas...
Está na hora da CGTP optar pela unidade que apregoa ou pelo sectarismo que tantas vezes pratica
A carga policial no Chiado não pode servir para rasurar o episódio lamentável que ontem ocorreu em S. Bento. A tentativa de impedir a entrada na praça de manifestantes dos movimentos sociais e a agressão a activistas dos Precários Inflexíveis, perpetrada pelo serviço de apoio/segurança da CGTP, são factos demasiado graves para que sejam silenciados.
Durante muito tempo (anos, décadas....) participámos em manifestações espartilhadas e controladas pela máquina da CGTP, ignorando provocações e simulando uma inexistente unidade na luta.
Durante muito tempo (anos, décadas....) percorremos lado a lado avenidas e ruas, enchemos praças, fingindo não perceber quão indesejada era a nossa presença.
Durante muito tempo (anos, décadas....) aceitámos palavras de ordem estafadas, participando em protestos inócuos e pré-formatados que a direita se compraz elogiar nos serões televisivos.
Durante muito tempo (anos, décadas....) fingimos ignorar o sectarismo de alguns sectores da CGTP, calando, engolindo, achando que um dia seria diferente...
Mas esse dia diferente, tal como ontem ficou demonstrado, teima em não chegar.
Após a vergonhosa acção do seu serviço de apoio/segurança na manifestação de ontem, e apesar de Arménio Carlos ter já lamentado o sucedido, será conveniente que os dirigentes da CGTP demonstrem claramente se optam pela unidade que apregoam ou pelo sectarismo que há tanto tempo praticam (anos, décadas....).
Nós sabemos de que lado estamos e quem é o inimigo. Esperamos que a CGTP também o saiba.
Publicada por Reviralhos em Sexta-feira, Março 23, 2012 0 comentários
os senhores jornalistas estão é muito mal habituados, julgam que por terem uma carteira profissional podem fazer o que querem, se estais do loado de quem arremça cadeiras e chávenas à polícia, com querem que estes julguem que são pessoas de bem??? eu agiria da mesma forma!!! deviam ser obrigados a usar colete sim srª e vocês são uns interesseiros pois quando ides para um estádio de futebol se não usarem coletes não entram e nem reclama!!! lembrem-se que alí também só se posicionam nos bancos que vos mandam!!! nestes eventos deveria acontecer o mesmo, alguns de vocês é que têm a mania que são investigadores, devem ter uma frustração qualquer com a polícia!!!
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