Já quase tudo terá sido dito sobre as afirmações de Passos Coelho sobre os desempregados, enquanto o próprio, em vez de aproveitar uma ou várias ocasiões que tem tido para as explicar ou amenizar, prefere insistir, sem mais. Lá saberá as linhas com se quer coser (ou cozer…).
Ontem foi vaiado e insultado na Feira do Livro. Não por bandidos (reconheci nas imagens das televisões muitas caras minhas conhecidas e eu própria estive na manifestação de Sábado), mas por jovens e não jovens que sofrem na própria pele, ou na dos seus próximos, a tal «oportunidade» que o desemprego representa para o primeiro-ministro ou a precariedade cheia de potencialidades de empreendorismo.
Por vezes, vale mais uma anedota do que mil teorias explicativas para visualizar certas realidades. É o caso de uma, hoje recordada por Manuel António Pina:
«Conta-se a história daquele operário da construção civil que gemia sob um bloco de cimento que lhe caíra em cima e de quem alguém, provavelmente um primeiro-ministro, se aproxima e pergunta: "Dói muito?". O infeliz terá respondido: "Não, só quando me rio".
A história fica-se por aqui mas, depois da mensagem de Passos Coelho aos desempregados, não é difícil imaginar como terá prosseguido, com o tal primeiro-ministro a lembrar ao "piegas" que a paraplegia "não pode ser um sinal negativo (...), tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida". Pode, por exemplo, digo eu, representar a oportunidade de uma carreira paraolímpica.»
Se, ontem, Passos Coelho não previu que os possíveis futuros paraolímpicos o podiam vaiar, ou é parvo ou faz-se. Humor negro? Certamente. É o que se pode arranjar.
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1 comments:
também é parvo, mas algumas vezes faz-se!
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