9.5.12

«Preocupados» com a Grécia?



O Miguel Cardina publicou hoje um texto no Facebook, que transformou depois em post no Arrastão. Mas deixo-o aqui na íntegra, juntamente com o comentário que fiz (no Facebook).

«E eis que, de repente, muitas almas puras se mostram "preocupadas" com a Grécia, quando este país se encontra a colapsar há largos meses. Os "extremistas", "radicais" e "irresponsáveis" do Syriza são agora aqueles que se esforçam por encontrar um governo e contornar a quadratura do círculo imposta por uma lei eleitoral iníqua - isto depois do centro-direita ter trocado os três dias destinados a formar governo por algumas horas de "árduas" negociações. Mesmo que o cenário muito provável de novas eleições se venha a concretizar - KKE, Verdes e PASOK já afastaram a hipótese de coligação com o Syriza - houve um povo que rejeitou claramente nas urnas a receita da troika que lhes tem vindo a ser aplicada. E isso é bom: para eles, para nós e para que a esperança de uma Europa diferente se mantenha minimamente acesa. Ainda que nada disto esteja escrito nas estrelas.» 

O meu comentário: 

Miguel: 
1-Totalmente de acordo com isto: «é bom: para eles, para nós e para que a esperança de uma Europa diferente se mantenha minimamente acesa». Quaisquer que sejam os desfechos, os gregos em geral, e o Syriza em particular, já fizeram mais pelo que dizes do que talvez sejamos capazes de realizar neste momento. Não nos regozijarmos com isso seria não perceber de todo o que está em causa ou, pior, desejar que a situação calamitosa em que nos encontramos tenha «sucesso». 

2- As «almas puras» de que falas, e que pouco ou nada se ocuparam da Grécia até agora, em vez de aplaudirem os 52 deputados do Syriza, preferem repisar o perigo dos 21 do Aurora. É certo que estes são preocupantes, mas, segundo comentadores insuspeitos, estão a ter um comportamento a tal ponto caricato que podem cavar a sua própria sepultura. (Bem mais hábil, e portanto perigosa, é a Le Pen francesa, mas… é mais «urbana»). 

3-Não vejo suficiente revolta contra a inacreditável pressão da senhora Merkel & companhia para que se chegue ao governo «desejado», custe o que custar. De eleições em eleições até à eliminação do elemento básico e mínimo da democracia, que é a (verdadeira) liberdade de um povo escolher os seus representantes? 
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1 comments:

Ana Cristina Leonardo disse...

A Le Pen é uma força da natureza! Não serão de certeza favas contadas as próximas eleições.