«O viajante concentra tropismos milenários: o gosto pela movimento, a paixão da mudança, o desejo fanático pela mobilidade, a incapacidade visceral da comunhão gregária, a raiva da independência, o culto da liberdade e a paixão pela improvisação dos menores factos e gestos; ama o seu capricho mais que o da sociedade em que se move como um estrangeiro, preserva a sua autonomia que coloca bem acima da salvação da cidade em que habita como actor de uma peça da qual não ignora a natureza farsesca. Longe das ideologias da aldeia natal e da terra, do solo da nação e do sangue da raça, o errante cultiva o paradoxo da individualidade forte e não ignora que é nele que se joga a oposição rebelde e radiosa às leis colectivas. Zaratustra, que odeia as cidades e a vaca multicolor, é a sua figura tutelar.»
Michel Onfray, Thérie du voyage. Poétique de la géographie.
(Foto: Atacama. Chile, 2010)
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