25.10.12

A Grécia, a 18 meses de distância?



A ler, com muita atenção, este texto de Nuno Garoupa, hoje, no Negócios: Portugal não será a Grécia mas parece

«A propaganda oficial do regime que teima em agonizar insiste que Portugal não é a Grécia. Não será mas parece. (...)

O Governo Passos Coelho é uma cópia fiel do Governo Papandreou que esteve no poder entre Outubro de 2009 e Novembro de 2011. Uma maioria absoluta, um memorando para cumprir, a política do bom aluno, as culpas endossadas ao governo anterior. A mesma inépcia, a mesma inabilidade, a mesma receita (...). O mesmo desastre. E o mesmo fim inglório... Passos Coelho será despedido como foi Papandreou quando se perceber que a inevitável renegociação do memorando tem que ser feita por outro. (...)

Portugal segue passo a passo a realidade grega com um atraso médio de 18 meses. Infelizmente nem o primeiro-ministro nem o Presidente da República parecem perceber isso e fingem que não sabem onde tudo isto vai acabar. (...)

Mas há uma grande diferença entre Portugal e a Grécia (na verdade, entre Portugal e o resto do Sul da Europa). Tudo se desagrega menos o sistema partidário. Enquanto na Grécia (tal como na Itália ou em Espanha), os partidos políticos responsáveis pelo desastre sofrem cisões, separações, profundas divisões e uma erosão eleitoral importante, em Portugal tudo na mesma. O cartel continua a funcionar apesar de tudo; alterna-se entre PS e PSD como sempre e nem vislumbre de qualquer cisão. É o reflexo de um sistema partidário rígido, fechado, protegido pela legislação por ele mesmo criada, pelo financiamento turvo e opaco (para não dizer pior) dos partidos instalados, por uma justiça silenciada, por uma rede de interesses absolutamente devastadora, e um caciquismo digno do pior da cultura latina.»

Este último parágrafo é extremamente importante e, por razões várias, o tema tem-me ocupado especialmente nos últimos dias. Aquilo que muitos vêem como fonte de estabilidade e de consensos possíveis será, muito provavelmente, um terrível travão para que sejamos capazes de quebrar o círculo vicioso, e nada virtuoso, em que estamos enredados. Não será nada fácil sair, pelo menos a curto prazo, da pavorosa alternância que se instalou em Portugal.
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2 comments:

gooolias disse...

é sério??? (sarcasmo) pois, só quando estamos verdadeiramente apertados é que abrimos os olhos, esperemos que não seja tarde demais. enquanto a barriga está cheia (ou menos vazia), pensar e reflectir é coisa que custa. muito mais fácil ver aqueles programas na tvi que nem me atrevo a dizer os nomes e os futebois.

gooolias disse...

é sério??? (sarcasmo) pois, só quando estamos verdadeiramente apertados é que abrimos os olhos, esperemos que não seja tarde demais. enquanto a barriga está cheia (ou menos vazia), pensar e reflectir é coisa que custa. muito mais fácil ver aqueles programas na tvi que nem me atrevo a dizer os nomes e os futebois.