O Jorge morreu ontem e fui agora dar um abraço à Ana Maria que conheço há mais de 30 anos.
Enquanto vinha para casa, rebobinei uma série de etapas desde que, há seis ou sete anos, um amigo comum – o Fernando Redondo – nos albergou no seu blogue. Eram tempos blogosféricos amenos, em comparação com os actuais, escrevíamos só de vez em quando (ele mais do que eu), trocávamos opiniões nem sempre coincidentes. Ficou a cumplicidade.
Em 2007, eu abri este Brumas e ele criou o Trix Nitrix uns meses mais tarde. Nunca deixámos de interagir.
Quando nos encontrávamos por aí, por vezes perto de casa porque éramos quase vizinhos, em sessões diversas ou em manifestações, havia um diálogo que se tornou quase um ritual. Ele suspirava e dizia, sempre a rir: «Continuo a ter inveja de ti por conseguires escrever posts com menos de dois ecrãs!». E eu respondia-lhe que continuasse a tentar...
Nada disto tem agora importância, a não ser para mim: a internet cria laços de que só nos apercebemos quando desaparecem – por morte ou porque as curvas da vida acabam por os secar.
O Jorge lutou dez anos contra a doença, com uma coragem incrível. Nas últimas semanas terá desistido. E ontem acabou.
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