«De facto, o discurso do 5 de Outubro de Cavaco Silva contribuiu para o sentimento de orfandade, utilizando toda a moderação deste mundo, dos portugueses em relação aos políticos. Existe, porém, uma razão para que o Presidente da República tenha feito o discurso que fez. Como toda a gente já reparou, a coligação governamental acabou e o Governo está ligado à máquina: Cavaco vai ter de arranjar uma solução de Governo e não é o momento para criar conflitos com quem quer que seja. (...) No discurso do 5 de Outubro, Cavaco não falou do País nem para o País porque está demasiado ocupado a pensar que tipo de solução governativa vai arranjar para Portugal. (...)
Claro que os objectivos do défice não serão alcançados. O desemprego vai brevemente chegar aos 20% e as poucas empresas que restam falirão. Mas a Vítor Gaspar isso não perturba desde que os mercados estejam satisfeitos. Gaspar e Passos parecem desconhecer que o assalto anunciado acelerará furiosamente o processo de desagregação social e lançará o País no mais absoluto caos. A miséria, o desespero, a desobediência civil farão parte do nosso quotidiano.
Podemos não ser o melhor povo do mundo, mas somos certamente o mais paciente com a loucura e a incompetência.»
Pedro Marques Lopes
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1 comments:
Para alguém que votou em quem lá está, este discurso não podia ser mais radical.
Por outro lado, se quem votou neles pensa assim, é mais que natural que quem não votou ache que eles já não têm qualquer legitimidade para lá continuarem, uma vez que estão a fazer tudo ao contrário daquilo que prometeram. Além de que, se os deixarmos concluir o mandato, não vão deixar pedra sobre pedra.
Restam só duas questões:
1. Quem os vai substituir;
2. O que vai fazer quem os substituir.
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