Revista chinesa apresenta arquitectura e design português como «sinónimo de qualidade» - Chen Yuanzheng, director da «Casa International», na última edição do ano da revista, lançada hoje numa galeria de Pequim.
Jovens arquitectos podem ir para fora sossegados – Souto Moura, em entrevista ao Sol.
« Antigamente, as pessoas emigravam e, como há 20 mil arquitectos cá, quando regressavam perdiam trabalho. Podem ir para fora sossegados, para onde quiserem, porque aqui não se vai fazer nada.»
«Só tenho trabalho lá fora. Não tenho nada em Portugal.»
Ao que chegámos, aonde iremos parar?...
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2 comments:
Somos uns exagerados, 20.000 arquitectos?
Talvez por isso que construir desde os campos de futebol (a Pedreira de Braga é de Souto Moura) aos CCB, Placas e torres da Expo 98, casas de música e o poli-desportivo da minha aldeia, foi a solução.
Nem seria por necessidade de tantas obras, seria que algumas em excesso foi para dar trabalho a tantos arquitectos?
Custa a compreender certas enormidades.
Caro "Rural", respondendo à pergunta que deixa no ar, posso dizer o seuinte:
As obras que falou foram praticamente todas feitas quando havia cerca de 10.000 arquitectos em Portugal (dentro da media europeia sustentável) e não foram feitas para dar trabalho a arquitectos (isso é uma patetice...), mas sim para dar trabalho a muitos milhares de outras pessoas. Por cada obra que se faz dá-se trabalho a uma dúzia de arquitectos (que, já agora, ganham metade do que ganhavam nos anos 80/90, os honorários às vezes quase não chegam, daí a tão falada exploração dos estagiários), mas sobretudo dá-se trabalho a muitas centenas de pessoas de várias áreas, desde os operários das fábricas que fazem os materiais de construção, até aos pedreiros que os aplicam, passando pelos vendedores, distribuidores, coordenadores... é o país a funcionar, e é saudável, desde que sejam obras necessárias integradas num plano alargado de desenvolvimento do país. O problema é que muitas obras que se fizeram não eram necessárias nem estavam integradas num plano de crescimento sustentável, eram obras que estavam integradas em agendas de interesses políticos, de grandes empresas e de bancos (que financiam a grandes juros toda a cadeia enquanto o estado se atrasa a pagar o que encomenda), que nada têm a ver com a pequena economia que realmente sustenta o país (pequena economia de que fazem parte os arquitectos).
Hoje os arquitectos já são mais de 20.000 (muito mais que o sustentável) e a razão para este exagero é simples: um conjunto demasiado alargado de universidades privadas sem limites aceitáveis de estudantes (com a conivência dos sucessivos governos) e uma ordem profissional atrofiada e desligada da prática, sem interesse em estancar este problema.
Este hábito de culpar os arquitectos por coisas que não estão de todo dependentes das suas escolhas não passa de um preconceito de pessoas que estão desinformadas e não percebem quem realmente manda no país.
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