24.2.13

Quousque Tandem Abutere Patientia Nostra?



Do texto que Rita Veloso escreveu para o blogue e para a página dos organizadores da manifestação de 2 de Março. Para quem não a conheça, e para que se entenda o que abaixo transcrevo: a Rita é filha de Ângelo Veloso, histórico dirigente do PCP.

«Quando eu era criança, o meu pai vivia num forte que parecia um castelo.
E isso era normal — normal, quer dizer, era extraordinário! Mais ninguém tinha o pai a viver num castelo, rodeado de mar!
Era normal apanhar o comboio ou a camionete, de madrugada, aos fins de semana, para ir ao castelo visitar o meu pai. Ele enchia-me de prendas (que afinal era a minha mãe que levava), fazia-me desenhos, emoldurava os que eu fazia para ele e eu gostava. Era normal falar com ele através de um vidro com uma rede de metal e só raramente conquistar um colo, amansando com os meus lindos olhos de azul inocente o agente que vigiava a entrada do parlatório.
O meu pai era um preso político, o que queria dizer que não tinha sido preso por roubar bancos ou carros. Quando mais tarde prenderam um primo meu não percebi o alvoroço familiar: estar preso era normal. (...)

Queremos fazer a luta com cravos, mas não deixaremos de a fazer se os cravos não forem eficazes. Os nossos pais não tiveram medo e mostraram-nos que vale a pena.»

Na íntegra AQUI. 
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3 comments:

Raimundo Narciso disse...

Se o teu pai te pudesse ler ficaria orgulhoso da sua Rita

Unknown disse...

Espero que sim, Raimundo... Mas imagino que estivesse tão desiludido quanto nós...

Raimundo Narciso disse...

Há políticos que morrem e não se dá pela sua falta. Não é o caso do teu pai.