Do texto que Rita Veloso escreveu para o blogue e para a página dos organizadores da manifestação de 2 de Março. Para quem não a conheça, e para que se entenda o que abaixo transcrevo: a Rita é filha de Ângelo Veloso, histórico dirigente do PCP.
«Quando eu era criança, o meu pai vivia num forte que parecia um castelo.
E isso era normal — normal, quer dizer, era extraordinário! Mais ninguém tinha o pai a viver num castelo, rodeado de mar!
Era normal apanhar o comboio ou a camionete, de madrugada, aos fins de semana, para ir ao castelo visitar o meu pai. Ele enchia-me de prendas (que afinal era a minha mãe que levava), fazia-me desenhos, emoldurava os que eu fazia para ele e eu gostava. Era normal falar com ele através de um vidro com uma rede de metal e só raramente conquistar um colo, amansando com os meus lindos olhos de azul inocente o agente que vigiava a entrada do parlatório.
O meu pai era um preso político, o que queria dizer que não tinha sido preso por roubar bancos ou carros. Quando mais tarde prenderam um primo meu não percebi o alvoroço familiar: estar preso era normal. (...)
Queremos fazer a luta com cravos, mas não deixaremos de a fazer se os cravos não forem eficazes. Os nossos pais não tiveram medo e mostraram-nos que vale a pena.»
Na íntegra AQUI.
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3 comments:
Se o teu pai te pudesse ler ficaria orgulhoso da sua Rita
Espero que sim, Raimundo... Mas imagino que estivesse tão desiludido quanto nós...
Há políticos que morrem e não se dá pela sua falta. Não é o caso do teu pai.
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