De uma carta do Comendador Marques de Correia a Cavaco Silva, onde o primeiro resume ao segundo um diálogo com a dita Nossa Senhora. (Enquanto formos rindo, menos mal vão as coisas.)
«Eu — Nossa Senhora, o Presidente Cavaco disse que foi devido a um milagre seu o fecho da sétima avaliação da troika em Portugal...
N.S. — Ó valha-me Deus! Não foi nada disso. Eu, em matéria política, só tive intervenção uma vez sem exemplo, que foi naquele segundo segredo da conversão da Rússia. A partir daí, intervim várias vezes, mas sempre em assuntos diferentes, tipo reumático, paralisias e doenças várias. Em política, Deus me livre! Nunca mais me meti!
Eu — Mas o Presidente até citou a mulher dele, para dar mais credibilidade à coisa...
N.S. — Sim, eu sei. Mas a Dona Maria é verdade que pediu pelo fecho da avaliação da troika e pelo fim de umas dores que tinha nas cruzes, derivado à idade. Do que eu lhe cuidei foi das cruzes, mas a natureza humana é mesmo assim: mal lhes passam as dores, enchem a cabeça de outras coisas.
Eu — Mas a Nossa Senhora de Fátima não é a favor da troika?
N.S. — Essas coisas de política é mais, no geral, com o Santo Agostinho e o São Tomás de Aquino, e em Portugal com o D. Januário Torgal Ferreira e o senhor bispo de Bragança-Miranda. Eu não tenho opinião sobre a troika, salvo que não gosto do Gaspar!
Eu — Do ministro?
N.S. — Sim! Não gosto. Ninguém gosta. Tem olhar de velhaco e fala à velhaco. Claro que se ele tiver uma espondilose e disser 'Valha-me Nossa Senhora de Fátima!' eu valho-lhe porque nunca confundi o meu dever com a política. A minha política é o milagre e acabou, mas também tenho as minhas preferências!»
Revista do Expresso, 25/5/2013
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