Sem que haja qualquer razão plausível para se imaginar que o jornalista João Pedro Henriques inventou a notícia, sabe-se agora pelo DN que «vários membros do Conselho de Estado defenderam ontem na reunião (...) que Portugal vive uma situação de crise política que só pode ser resolvida com eleições antecipadas, não podendo o pós troika deixar de ser discutido em conexão com a situação atual». E, também, que «Cavaco Silva bloqueou no comunicado final qualquer referência, mesmo de teor genérico, sobre o facto de a atualidade política ter marcado parte importante da discussão», mantendo-se intransigente neste ponto e invocando mesmo «uma norma do regimento do Conselho de Estado que o autoriza a fazer uma "nota informativa" focando apenas "parte do objeto da reunião e dos seus resultados"».
Sobre isto, ocorrem-me dois comentários:
1 – Pelo menos um dos conselheiros de Estado presentes terá infringido a regra de segredo quanto ao que se passou dentro de portas e soprado para a comunicação social o que Cavaco impediu que fosse divulgado. Mas não terá sido «homenzinho» para se identificar publicamente.
2 – O que teria acontecido se alguns dos que terão insistido na divulgação do relato do conteúdo não truncado da reunião se tivessem demarcado do comunicado final, afirmando precisamente que se tinham batido para que ele fosse fiel e não apenas parcial? Teriam sido expulsos do Conselho? Presos? Acusados de desobediência civil? E daí? Não é o mínimo que podia ser exigido pelo menos a alguns deles? Sentem-se bem como ao-autores «daquilo»? Será que, esta manhã, gostaram de se ver quando olharam para um espelho?
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