7.7.13

Cavaco – o senhor que se segue



Quando ainda estamos todos sob o efeito da imagem e do conteúdo da inacreditável comunicação que os nossos dois governantes mais encartados fizeram ontem, viremos de novo as atenções para Cavaco Silva, já que, a partir de amanhã, será ele a principal personagem dos próximos episódios da telenovela. 

«Se Miguel Sousa Tavares arriscou ser julgado por ter chamado palhaço a Cavaco Silva, por maioria de razão o Presidente devia ter também denunciado Passos Coelho e Portas ao Ministério Público. Deixar Cavaco falar sobre a solidez do Governo lançando até um desafio aos partidos da oposição para actuarem na Assembleia da República e fazê-lo passar pela cena circense de dar posse a uma ministra quando o Governo já estava em pleno colapso foi um insulto bem maior.

Digamos que o Presidente se pôs a jeito. A derrota colossal da sua estratégia e a humilhação pública a que foi sujeito são da sua inteira responsabilidade. Claro que Passos não se iria maçar a explicar-lhe o que quer que fosse. Claro que Portas nem pensou em avisar Cavaco de que se ia embora. Não aguentou Cavaco todos os disparates da governação? Não se tornou o maior aliado do Governo, prescindindo do seu papel de árbitro do sistema? Não era claro para todos que podia Cristo descer à Terra que Cavaco não destituiria o Governo? Quem não se dá ao respeito acaba sempre por ser desrespeitado. (...)

Mas será que Cavaco está tão cego ou tão aterrado que ainda vai acreditar em quem o traiu de forma tão evidente? Será que não sabe que este Governo não passa dum cadáver e nada nem ninguém o pode ressuscitar? (...) Será que pensa que o povo aceitará que gente que leva a palco este patético espectáculo pode cortar 4700 milhões de euros ou fazer uma reforma de Estado? (...)

Ou então estamos definitivamente sem Presidente da República e Cavaco é apenas um ministro sem pasta.»

Pedro Marques Lopes

2 comments:

José Couto Nogueira disse...

Se bem que a lógica é esta, não me agrada o vocabulário deste comentador sempre brutal e, digamos, expressionista. Nem as conclusões são tão cristalinas assim.
Cavaco não está completamente errado ou estupidificado por manter o governo à custa da sua preciosa reputação. Fá-lo como um sacrifício em nome duma causa maior, que é a "estabilidade" do país junto dos credores. Ela acha, e porventura estará certo, que um segundo resgate seria uma volta aos tempos pré-industriais. A maioria da população também não é a favor de eleições antecipadas, por duas razões: pelo perigo do segundo resgate e porque um governo Seguro não seria mais inteligente e articulado. Seguro é uma completa nulidade, os velhos do PS ultimamente só dizem disparates e os novos ou são socráticos ou simples jotinhas crescidos. É triste, mas não há nenhum cenário melhor do que este.

Joana Lopes disse...

José, um segundo resgate, com esse nome ou mascarado com um outro, virá garantidamente, até para pagar o primeiro, se não se quebrar a subserviência em relação aos credores.

Quanto a Seguro ser uma nulidade, assino por baixo.