8.7.13

O mais importante: a carta de Vítor Gaspar



Os desvarios dos últimos dias fizeram passar para segundo plano o mais importante de tudo o que foi dito ou escrito: o conteúdo da carta, objectivamente assassina e suicida, de Vítor Gaspar. Leonel Moura explicita-o bem, em texto publicado no Negócios de hoje (*):

«O governo morreu. Toda a gente o entendeu menos os defuntos. Os três defuntos, entenda-se, PSD, CDS e Presidente da República. O deplorável episódio não assinala contudo só o fim de um governo. Assistimos, na TV, ao declínio do regime que começou no 25 de Abril, contra, recorde-se, o apodrecimento do fascismo. Ao fim de quatro décadas esse regime libertador já está também ele em franco apodrecimento. Trata-se de um fracasso grave. Um fracasso da democracia. Imperdoável sob todos os aspetos. (...)

A irrelevância do Presidente da República também não deve espantar ninguém. É assim mesmo. Belém é uma casa de férias. Um retiro da reforma. Onde se quer sossego e sopas. Cavaco nunca fará nada de significativo por si mesmo. Só empurrado. E com muita força.

Sobra a carta de Vítor Gaspar. A única coisa realmente grave revelada nestes últimos dias. Dois anos após ter desbaratado milhares de vidas, reduzido o país à miséria e estagnado a economia, o autor da operação vem dizer que se enganou. Reconhecendo que a sua política estava a dar resultados opostos ao esperado. Ou seja, confessa que os portugueses foram cobaias de uma experiência que correu mal. Este ex-ministro devia ser julgado. (...)

Definitivamente, os portugueses não têm sorte. Mas também, verdade seja dita, a responsabilidade é dos próprios. Más escolhas eleitorais, baixo nível dos que seguem uma carreira política, facilitismo, pouco sentido da responsabilidade, incultura geral. A má sorte é outro nome para o atraso.» (O realce é meu.)

(*) O link pode só funcionar mais tarde.
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