30.10.13

O grande êxodo, sem a «valise en carton»



O Diário de Notícias publica hoje um importante dossier sobre o estado da população portuguesa – «o pior dos mundos possíveis em termos demográficos», como um especialista comenta, já que a uma saída elevadíssima de pessoas se acrescenta a quebra na entrada de estrangeiros, a redução dos nascimentos e o aumento do número de mortes.

Muito sumariamente, alguns números relativos a 2012: 
  • Menos de 90.000 nascimentos, novo mínimo histórico. (Mães estrangeiras contribuíram com 10%.)
  • Mais 4,6% de óbitos em relação a 2011, em consequência do progressivo envelhecimento da população.
  • Mínimo histórico do número de casamentos (cerca de 34.000) e tendência para queda no número de divórcios.
  • Last but not the least, em 2012 foi batido o recorde do número de saídas para o estrangeiro, que até aqui era detido pelo ano de 1966 (120.239) e que foi agora 121. 418.
Ou seja, em cada mês, cerca de 10.000 pessoas deixaram Portugal no ano passado – mais de 300 por dia. Não para fugirem à guerra colonial, à PIDE ou à miséria do Estado Novo, como na década de 60, mas sim ao inesperado flagelo do desemprego. Com uma enorme diferença: na sua grande maioria, os novos emigrantes sabem falar línguas, levam debaixo do braço diplomas prestigiados pagos pelas famílias e por todos nós, viajam em aviões low cost em vez do Sud-Express e não carregam uma «valise en carton».

Mas, tal como dantes, deixam para trás pais e irmãos, muitas vezes mulher ou marido e filhos, e vão com bilhete de ida sem volta prevista. Ficamos nós, os mais velhos, fica um país a dizer adeus aos seus melhores, a empobrecer de ano para ano. Claro que isto um dia há-de acabar. O pior é que ninguém sabe nem quando nem como e cada um de nós só tem uma vida para viver.
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3 comments:

Francisco disse...

Olá! Bom post sobre um assunto da máxima relevância. Sabes se existe algum link on-line para esta notícia/dossier do DN?

Joana Lopes disse...

Não, Francisco, ontem só estava disponível em papel ou para assinantes. Pode ser que ponham mais tarde, às vezes os jornais fazem isso.

Humberto Baião disse...

Achei "isto" hoje,
achei, apareceu-me,
nas memórias do Facebook, e é triste que nada tenha sido feito desde então para alterar a situação pois segundo o último censo estamos mesmo mal, muito mal ...
Talvez mereçamos o mal que nos cai em cima .....
Como soa dizer-se agora, não somos vítimas, somos cúmplices....