«Graças à intervenção do PS, depois do 25 de Abril, a Igreja portuguesa tornou-se muito aberta , com o patriarca D. António Ribeiro, e progressista (...). Mas parece que, com o novo patriarca português, tudo está a mudar, o que é péssimo e triste para o futuro.
Porquê? Porque a Igreja portuguesa tem mantido um silêncio inaceitável, tal como o actual patriarca, em relação ao Papa. Parece que não gosta dele ou mesmo que o detesta.»
1 – Dizer que o cardeal António Ribeiro era mais progressista do que Manuel Clemente é assim a modos que afirmar que «OMO lava mais branco». Porque sim. E porque se sabe que a memória de muitos é curta, a de outros inexistente, e a de MS selectiva.
2 – Sobre o contributo de MS para o «progressismo» do cardeal de Lisboa em 1975, recordo parte de uma entrevista que concedeu ao «i» em Novembro de 2011 (com link agora indisponível):
«Nessa altura conversei algumas vezes com o patriarca [António Ribeiro]. Antes do 25 de Novembro estávamos à beira da guerra civil e resolvemos fazer uma grande manifestação na Fonte Luminosa, que foi a maior manifestação de sempre em Portugal. Fui falar com o cardeal, por intermédio da Maria de Lourdes Pintasilgo, que nessa altura estava totalmente comigo. Aliás, esteve quase sempre. Só houve alguma rivalidade quando foi candidata à presidência. Mas deu-me muito jeito, porque teve 7%. Se não fosse isso, talvez não tivesse chegado a número dois. Nessa altura disse a Maria de Lourdes Pintasilgo que precisava de falar com o cardeal. (…) Estivemos uma hora a conversar. Disse: “Senhor cardeal, se nos quer ajudar, tem uma maneira. Diga aos padres da área de Lisboa que no final das missas vão à Fonte Luminosa.” E foram. Uma boa parte da gente que estava na Fonte Luminosa era católica.» (Realce meu.)
Entendidos?
(Foto: Protesto no Patriarcado, em 18 de Junho de 1975, contra a administração da Rádio Renascença, com contramanifestantes que se refugiaram no átrio – apoiantes do Patriarcado, com os quais o PS viria a solidarizar-se por comunicado.)
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