19.12.13

O destino marca a hora e futuro não tem nome



«Não há segredos que o tempo não revele, escreveu o dramaturgo francês Racine, e por isso estou convencido de que vamos ter de esperar seis meses, alguns dias, várias horas e ainda uns tantos minutos para sabermos onde vai estar Paulo Portas quando o relógio que marca a contagem decrescente para a saída da troika chegar ao zero.

Por essa altura, o mais provável é que o tal relógio, caso ainda exista, assinale a entrada de Portugal na hora Mario Draghi. Ou seja, o momento em que entrarmos no programa cautelar, que ainda é a melhor hipótese de nos safarmos do enorme bico-de-obra em que estamos metidos. (...)

O tempo é uma ilusão, lembrava ainda Einstein, e por isso quem quiser que cultive as suas. Basta não ter um pingo de vergonha na cara. O relógio da contagem decrescente é uma brincadeira de mau gosto e uma desconsideração para com os sacrifícios dos portugueses que Paulo Portas elogia, no seu nacionalismo de loja chinesa. Porque transforma a crise num espectáculo e cria a ilusão de uma saída que não existe.

O destino marca a hora e o futuro não tem dono, cantava Tony de Matos quando a televisão era a preto e branco e já havia relógios digitais, mas só nos foguetões que iam para a Lua que víamos partir na televisão quando chegava ao fim a contagem decrescente em inglês.»  

(O link pode funcionar ou não. Com o Público online, agora, isso depende de várias circunstâncias...) 

P.S. - E por falar em Tony de Matos...
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