6.12.13

Os correios deviam funcionar em capelistas



É pena que por esse Portugal fora restem poucas capelistas, porque seriam lojas bem mais nobres para os velhos receberem as reformas, que até agora iam buscar a estações de correio, do que mercearias onde lhes entregam o dinheiro entre couves lombardas e pacotes de arroz. (Deviam estar gratos, claro, por ainda lhes «darem» qualquer coisa, mas são esquisitos...)

É que as capelistas já eram vocacionadas para venderem de tudo um pouco, desde jornais, linhas, agulhas, o «Modas e Bordados», santinhos e catecismos, até alguns livros e alguma quinquilharia. E encarregavam-se também de apanhar malhas nas meias de nylon das senhoras. Havia tantas na baixa de Lisboa, que a Rua do Comércio foi popularmente conhecida como «Rua dos Capelistas» durante séculos, o mesmo acontecendo em outras cidades onde o nome se mantém até hoje.

Eram locais de bairro, limpinhos, que bem podiam também vender selos, envelopes e Certificados de Aforro e devia haver por aí empreendedores iluminados que as reabilitassem, agora ao serviço de eficacíssimos gestores privados dos CTT.

Claro que também era possível atribuir as antigas funções dos correios às modernas lojas chinesas, mas isso ficará para mais tarde, quando os herdeiros de Mao Tsé-Tung já detiverem a maioria do capital dos Correios de Portugal. 
.

0 comments: