«Na Grécia, há 350 mil lares sem luz porque os seus habitantes não têm dinheiro para a pagar. Como não há forma de pagar o aquecimento das casas, os gregos fazem lareiras. (...)
No meio de um túnel sem lâmpadas, os gregos perguntam-se como os seus antepassados filósofos: se os olhos são a fonte da luz porque é que os objectos não são visíveis na obscuridade? Ou melhor, se a UE e a democracia são o gerador da luz porque é que o presente é cada vez mais negro? É esta Grécia que ocupa, desde o dia 1 de Janeiro, a presidência da União Europeia. (...)
A Grécia é presidente, mas não é. A presidência é um poder formal, fictício, para polir o ego de quem ocupa o lugar. O verdadeiro poder está longe: entre Bruxelas, Berlim e Frankfurt. (...) A Grécia faz agora o seu papel, fingindo que é o actor principal, na Divina Comédia que continua a ser um êxito popular nos Parlamentos europeus. A luz prometida pela UE é um semáforo avariado com via verde apenas para alguns países. O resto é uma ficção.»
Fernando Sobral, no Negócios de hoje.
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