22.4.14

Com açúcar e sem afecto



«Vá lá, isto já não é um governo. É um ajuntamento de pessoas unidas para cumprir o fecho do programa da troika, porque se isso não acontecesse - a manutenção do governo em funções mesmo em estado de colapso - a senhora Merkel ficaria muito aborrecida.

E porque isto já não é um governo, o primeiro-ministro exclui a descida do IRS e o vice-primeiro-ministro volta a pô-la em cima da mesa com a naturalidade dos funerais. (...)

Porque isto já não é um governo a ministra das Finanças anuncia novos impostos sobre produtos prejudiciais à saúde (o já chamado imposto das batatas fritas ou o imposto Sumol). Concorda imediatamente o secretário de Estado da Saúde - que não o ministro - elogiando exemplos estrangeiros. E depois, como se fosse a coisa mais normal do mundo, o ministro da Economia António Pires de Lima aparece em público a desmentir a ministra das Finanças. (...)

É este ajuntamento que governa o país e vai a votos no dia 25 de Maio em coligação. Se "sucessivos episódios" ainda fossem justificação para derrubar um governo, esse seria o dia. Mas Passos nunca cederá e Paulo Portas foi irrevogavelmente preso a um pacto de sangue, obrigado pelo partido e pelos credores, até ao fim da troika.»

Ana Sá Lopes

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