«Um velho e experiente diplomata português costumava dizer que a Europa estava sempre preparada para a… crise anterior. Esta simples frase resume razoavelmente a história da relação da União Europeia com o mundo desde que caiu o Muro de Berlim, varrendo de uma só vez as circunstâncias em que nasceu e se desenvolveu o projecto europeu. (...)
Ironicamente, uma nova crise pela qual não esperava, fez a Europa regressar ao ponto de partida. O “império soviético” que tinha implodido em 1991 quase em guerra, está de regresso pela mão de Vladimir Putin e com uma nova ideologia: o nacionalismo agressivo. Não deu a devida atenção às palavras do Presidente russo, em 2005, quando declarou que o fim da URSS tinha sido a “maior catástrofe do século XX”. Com altos e baixos, continuou a acreditar que o caminho da Rússia só podia ser em direcção à Europa, garantido pela cada vez maior interdependência económica. Bruxelas tratou a Ucrânia sem considerar sequer a sua particular situação geopolítica e não lhe ofereceu a cereja em cima do bolo, que constitui a promessa de adesão. Fez mais ou menos o mesmo que tinha feito antes à Turquia. Sem o magnete europeu, o país de Erdogan, que deveria ser um exemplo para as Primaveras árabes, está em rápida regressão democrática. (...)
A mudança estratégica da Rússia remeteu a Europa à casa de partida. O futuro dos europeus jogar-se-á, porventura como nunca, na Ucrânia. O que não será fácil.»
Teresa de Sousa, no Público de hoje.
(É bem provável que o link não funcione – tem-se sempre uma boa ou má surpresa, hoje em dia, com este jornal.)
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